Foi do interior do território russo, muito provavelmente da cidade de Kramatorsk, capital da região do Dombass, onde se localizam os territórios separatistas de Donetsk e Lugansk, que partiram os primeiros ataques da invasão russa à Ucrânia.

A revelação foi feita esta quinta-feira de manhã ao Telegraph por soldados estacionados na base aérea local, que esteve sob fogo de morteiros durante a madrugada, antes sequer de Vladimir Putin fazer o discurso que deu origem ao início da guerra. “Veio sem qualquer aviso, sem sirenes nem nada”, contou Yevgeny, um soldado que estava a guardar o perímetro da base quando o ataque começou, às 4h40 da madrugada.

“Os primeiros morteiros caíram cerca de 60 ou 70 metros para o interior da vedação e depois veio a aviação e tudo o resto. Todo o inferno se soltou”, descreveu o militar, que nunca tinha estado sob fogo. “Durante os primeiros 10 minutos a minha mente ficou em branco, depois as coisas ficaram mais claras”, confessou. “Eram definitivamente morteiros, o que significa que têm de ter sido disparados à distância de uns dois quilómetros apenas. Achamos que foram pessoas da cidade que sofreram uma lavagem cerebral por parte da Rússia.”

Questionado sobre se teme um ataque por parte desses mesmos cidadãos, armados ou não pela Rússia, o soldado garantiu que não: “Estamos preparados”. A verdade, contaram ao jornal britânico Yevgeny e outros militares que não quiseram ser identificados, é que os sistemas de defesa ucranianos fizeram o seu trabalho. “Era noite mas com o fogo ficou tudo brilhante como se fosse dia. Explosões, balas a voar, mísseis. Temos os nossos sistemas de defesa aérea e eles funcionaram.”

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Segundo o filme do tempo descrito pelos soldados, só depois destes primeiros tiros de morteiro, que alguns descreveram como fogo de artifício, é que chegaram as explosões mais potentes, de mísseis disparados em ataques aéreos — que calculam terem sido direcionados a instalações específicas no interior do aeródromo.

Ainda de acordo com os soldados, só a meio da manhã é que a situação serenou — a última explosão, revelaram foi “muito precisa”, pelo que acreditam que terá sido provocada por uma bomba largada a partir de um avião.

Apesar da violência, a explosão não provocou vítimas: os soldados tinham recebido ordens para se prepararem para um possível ataque e nessa altura já estavam nas trincheiras.

[O dia em que a guerra começou. Como o poderio russo está a abater-se sobre a Ucrânia:]