O Reino Unido vai juntar-se aos Estados Unidos e parar as importações de petróleo russo, em retaliação à invasão da Ucrânia por parte da Rússia. A medida foi confirmada esta terça-feira pelo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, no Parlamento britânico, depois de uma intervenção à distância do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
A informação já tinha circulado esta terça-feira na imprensa europeia e, depois de o Presidente norte-americano, Joe Biden, ter anunciado que os EUA imporiam um embargo ao petróleo russo, também o Reino Unido oficializou a intenção.
“Vamos parar de importar petróleo russo”, afirmou claramente o primeiro-ministro britânico, remetendo para amanhã a apresentação de mais detalhes sobre esta medida por parte do secretário de Estado responsável pelo comércio e energia.
“O Reino Unido e os nossos aliados estão determinados a aumentar a pressão para fornecer aos nossos amigos ucranianos as armas de que precisam para defender a sua terra, como merecem”, disse também Boris Johnson. “Vamos usar todos os métodos que pudermos. Diplomáticos, humanitários e económicos até Vladimir Putin ter falhado e a Ucrânia ser livre de novo.”
“Nunca antes, em todos os séculos da nossa democracia parlamentar, esta câmara ouviu um discurso como este”, afirmou Boris Johnson, referindo-se ao discurso de Zelensky. “Uma grande capital europeia está hoje ao alcance das armas russas. O Presidente Volodymyr Zelensky está firme em defesa da democracia e da liberdade.”
Como vai ser operacionalizado o corte britânico com o petróleo russo? O secretário de Estado britânico Kwasi Kwarteng, que tem a pasta da economia e da energia, deu alguns detalhes através de uma série de publicações no Twitter.
“O Reino Unido vai abandonar gradualmente a importação de petróleo e produtos petrolíferos até ao final de 2022”, escreveu. “Esta transição vai dar ao mercado, aos negócios e às cadeias de abastecimento tempo mais do que suficiente para substituir as importâncias russas, que constituem 8% da procura britânica.”
NEW – the UK will phase out the import of Russian oil and oil products by the end of 2022.
This transition will give the market, businesses and supply chains more than enough time to replace Russian imports – which make up 8% of UK demand.
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— Kwasi Kwarteng (@KwasiKwarteng) March 8, 2022
“As empresas deverão usar este ano para assegurar uma transição suave, para que os consumidores não sejam afetados. O governo vai também trabalhar com as empresas através de uma nova task-force para o petróleo, para as apoiar enquanto aproveitam este período para encontrar fontes alternativas”, acrescentou ainda Kwarteng.
Segundo o responsável, “o Reino Unido é um produtor significativo de petróleo e produtos petrolíferos”. Além disso, o país tem “reservas significativas”.
“Além da Rússia, a maioria das nossas importações vêm de parceiros confiáveis, como os EUA, os Países Baixos e o Golfo. Vamos trabalhar com eles este ano para assegurar fornecimentos futuros”, explicou Kwarteng.
“O mercado já começou a ostracizar o petróleo russo”, acrescentou o secretário de Estado, sublinhando que “cerca de 70%” desse petróleo “não consegue encontrar um comprador”.
“Finalmente, embora o Reino Unido não esteja dependente do gás natural russo — 4% do nosso abastecimento —, estou a explorar opções para acabar com ele também”, rematou Kwarteng.