No seguimento de três derrotas consecutivas na Premier League que tiveram o condão de abanar a estrutura da equipa não tanto pelos resultados mas pelas exibições sobretudo na primeira parte com o Crystal Palace, a receção do Wolverhampton ao Watford num jogo ainda em atraso da 19.ª jornada seria quase determinante para se perceber o caminho que a maior armada portuguesa em Inglaterra poderia ter até ao final da época, num caminho bicéfalo entre o meio da tabela e a luta pelos lugares europeus. A resposta ficou bem evidente: mais do que a vitória e a maior goleada com Bruno Lage no comando, os Wolves jogaram bem e sobretudo foram fiéis à sua identidade. Seguiu-se novo triunfo com o Everton. E seguia-se novo passo “europeu”.
“O nosso objetivo é tentar manter o que temos vindo a fazer. Temos oito vitórias fora de casa na Premier League e tudo isso é fruto da consistência e da personalidade com que jogamos. Só queremos fazer o nosso jogo e controlá-lo da mesma maneira que fizemos com o Everton e o Watford”, referira Lage, que foi alvo de rasgados elogios do experiente João Moutinho, de 35 anos e em final de contrato: “Ele mudou uma série de coisas. Agora tentamos ter mais a bola, os nossos defesas e o guarda-redes tentam sair a jogar. Foi uma das melhorias que tivemos com ele. Tentamos seguir assim porque sabemos que se o fizermos, com os jogadores de qualidade que temos, ficamos mais próximos de criar oportunidades, marcar e ganhar jogos”.
Em caso de triunfo no Molineux Stadium frente ao Leeds, o Wolverhampton não só igualava a sua melhor sequência de triunfos consecutivos no Campeonato (três, em três ocasiões distintas) como ascendia ao sexto lugar da Premier League apenas a um ponto do Manchester United tendo mais um encontro. E tudo parecia encaminhado nesse sentido com uma vantagem de 2-0 ao intervalo com uma grande entrada de Francisco Trincão para o lugar de Rúben Neves. No entanto, se este foi um dos encontros mais atípicos da Premier League, o saldo final com reviravolta para o Leeds não ficou atrás: cinco golos, cinco substituições por lesão até aos 60′, a invasão de campo do costume, mais de 20 minutos de descontos e uma expulsão por acumulação de Raúl Jiménez que mudou por completo o cariz do jogo e provocou a primeira de várias faíscas entre os dois bancos que tiveram mesmo de ser separados na parte final de uma partida eletrizante.
???????????????????????????? Wolves ???? Leeds
Francisco Trincão ???????? substituiu Rúben Neves (lesionado na 1ª parte), e esteve nos 2 golos do Wolves
O segundo teve assistência de Daniel Podence ???????? (6.4), mas o Wolves acabaria por consentir a reviravolta após a expulsão de Raul Jiménez ???????? (3.6)#EPL #WOLLEE pic.twitter.com/Vv3OxpXRzZ
— GoalPoint.pt (@_Goalpoint) March 18, 2022
Com José Sá, Rúben Neves, João Moutinho e Daniel Podence de início, o Wolverhampton demorou mais do que esperado para assumir o jogo frente a um Leeds a precisar de pontos para fugir à despromoção agora com Jesse Marsch no comando em vez de Marcelo Bielsa e que não podia contar com Raphinha (que contraiu Covid-19). Mais do que isso, teve alguns erros pouco habituais como uma perda de bola de Rúben Neves em zona de primeira fase de construção para remate ao lado de Patrick Bamford (12′). A dupla iria tornar-se um pouco depois no foco das atenções, com Rúben Neves a ser assistido de forma demorada a um problema no joelho antes de ser substituído por Francisco Trincão e Bamford a torcer o pé e a ter mesmo de ceder o seu lugar a Sam Greenwood (25′). E na primeira vez que tocou na bola, Trincão fez logo a diferença.
1+1 – Francisco Trincão is the first player to both score and assist in the first half of a Premier League match as a substitute since Frank Lampard for Chelsea against Swansea City in April 2013. Serendipity. pic.twitter.com/Rcf0vNFgTU
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O extremo português foi colocar-se na direita deixando Podence mais a cair no lado esquerdo, num 3x4x3 mais assumido em vez do 3x5x2 que existia antes com Dendoncker a ser o terceiro médio, e foi nessa posição que recebeu um grande passe de João Moutinho para assistir atrasado para o remate na área de Jonny Castro (26′). Estava feito o 1-0 num jogo particularmente atípico onde até ao intervalo houve quase tantas chances para a equipa da casa como substituições por lesão dos visitantes (Diego Llorente e Klich também saíram): Trincão acertou no poste de fora da área (45+2′), Jiménez falhou um chapéu após erro de Struijk (45+3′) e Meslier tirou o segundo a Jonny Castro (45+8′). O Wolverhampton merecia o 2-0 e conseguiu-o ainda antes do intervalo, com Trincão a atirar rasteiro de pé esquerdo na área na sequência de um livre lateral rápido marcado por João Moutinho que encontrou Podence sozinho para fazer a assistência (45+11′).
[Clique nas imagens para ver os golos do Wolverhampton-Leeds em vídeo]
????️ Bruno Lage: "Toda a gente viu o que aconteceu. Foi um contacto de corpo, o Raúl tentou ganhar a bola. Má decisão".
"Nos 45 minutos, fomos a melhor equipa. Fomos muito melhores do que o adversário. Estou muito orgulhoso dos meus jogadores".#WOLLEE pic.twitter.com/J4XPHwxaP4
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Chegava assim ao fim uma das primeiras partes mais estranhas em jogos da Premier League mas bastaram menos de 15 minutos para essas características continuarem: Raúl Jiménez viu o segundo cartão amarelo e consequente vermelho num choque com Meslier (53′), Jesse Marsch teve de trocar de guarda-redes naquela que foi a quarta alteração forçada em menos de uma hora, houve mais uma das agora habituais invasões de campo e o Wolves teria sobretudo de tentar defender a sua vantagem perante a inferioridade numérica, ainda mais depois do 2-1 por Harrison numa jogada onde a bola bateu no poste, Coady tirou em cima da linha mas à terceira entrou mesmo (63′). Nem três minutos aguentou: depois de mais uma bola no ferro e de uma tentativa de corte deficiente de Saïss, Rodrigo aproveitou a recarga para fazer o empate (66′). Voltava a ficar tudo em aberto e seria no primeiro de mais nove minutos de descontos, num total de 21 nos dois tempos, que o capitão Ayling aproveitou mais um erro defensivo do Wolves para fazer o 3-2 da reviravolta (90+1′).
1 – @LUFC have won a Premier League match despite being 2+ goals behind at half-time for the very first time, previously losing 47/47 such instances. Undertaker. pic.twitter.com/U6lwy76Vos
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