A Rússia sinalizou, esta sexta-feira, que não quer “receber ordens do Tio Sam” — numa alusão aos Estados Unidos da América —, bem como apontou que já há vários países que o recusam fazer. Em entrevista ao Russia Today citada em meios de comunicação sociais internacionais, Sergei Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros russo, acusou os EUA de quererem que o mundo se assemelhe a um “saloon americano”, assinalando que o Kremlin perdeu toda a confiança no Ocidente.

Assegurando que Moscovo nunca aceitará a visão de mundo que tem nos EUA uma espécie de polícia global, Sergei Lavrov ridicularizou as sanções do Ocidente: “Como disse o Presidente Putin, somos o campeão em termos do número de sanções. Isto [mais de cinco mil medidas desde a invasão à Ucrânia] é quase o dobro do número de sanções impostas à Coreia do Norte e ao Irão”.

Estas sanções, reforça o ministro russo, “só tornaram a Rússia mais forte”, admitindo que a “pressão sancionatória vai continuar” já que “eles [o Ocidente] estão agora a ameaçar com uma quinta vaga de sanções; talvez depois disso venha a haver outra vaga, mas estamos habituados a isso”.

Sergei Lavrov deixou também um aviso ao Ocidente: as forças russas não hesitarão em alvejar e atacar veículos dos EUA e dos seus aliados ocidentais, caso a Rússia acredite que estão em missão de transporte de armas para a Ucrânia: “Dissemos sempre claramente que qualquer transporte de carga em movimento para território ucraniano que acreditemos estar a transportar armas seria jogo limpo”.

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Tal significa que quem transportar armas para território ucraniano será considerado pela Rússia um alvo militar legítimo — mesmo que o material (armamento) esteja a ser enviado por países da NATO e potências como os EUA.

Na mesma entrevista, Lavrov criticou o alargamento da NATO para o leste da Europa, feito sem consultar quem, como a Rússia, teve “um papel de relevo no equilíbrio de poder no continente europeu” nos últimos anos. Para o ministro, a Rússia foi sendo rodeada e cercada pela organização militar ao longo das últimas duas décadas. Tratou-se, considera, de uma postura de “arrogância” dos “parceiros ocidentais” que desvalorizaram as preocupações russas.

Vladimir Putin disse que “todo o planeta está agora a pagar pelas ambições do ocidente”

O Presidente russo subscreveu as palavras do seu ministro. Numa publicação na conta oficial do Twitter do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Vladimir Putin indicou que “a elite dominante no Ocidente não está a pensar em como melhorar a vida dos cidadãos nos países ocidentais”.

“Está obcecada com os próprios interesses egoístas e em super lucros”, acusou o chefe de Estado russo, reforçando que “todo o planeta está a pagar pelas ambições da Rússia”.