Houve falhas “graves e intencionais” durante a rodagem do filme Rust, que culminou com a morte da diretora de fotografia Halyna Hutchins, concluiu um relatório divulgado esta quarta-feira pelo Gabinete de Saúde e Segurança no Trabalho do Novo México (NM OSHA, na sigla original). Além disso, a produção mostrou uma “indiferença clara” relativamente aos perigos associados ao uso de armas de fogo e à segurança dos funcionários.

Este trágico incidente nunca teria acontecido se a Rust Movie Productions LLC tivesse seguido as normas nacionais da indústria cinematográfica para a segurança das armas de fogo”, vincou o secretário James Kenney, cita-o a CNN.

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A equipa que trabalhava no Bonanza Creek Ranch, acrescenta o NM OSHA, tinha conhecimento das falhas e nada fez para as resolver. “O ponto principal aqui é que era obrigação dos funcionários seguir os padrões nacionais, e isso não aconteceu nas filmagens de Rust”.

Reconhecendo que “nenhuma multa pode compensar a perda de vidas”, como resultado, a agência emitiu a multa máxima permitida no Estado para este enquadramento legal: de 136.793 dólares (cerca de 126.116,30€) à Rust Movie Productions LLC.

Desde o primeiro dia que a produção nega as acusações de má conduta e quaisquer motivos que levaram às falhas no manuseamento do revólver. Já em reação ao relatório, o porta-voz da Rust Movie Productions LLC, Stefan Friedman, considerou: “Embora apreciemos o tempo e esforço da OSHA na sua investigação, discordamos das suas conclusões e planeamos recorrer. Os nossos pensamentos e orações permanecem com a família de Halyna”, numa declaração citada pela Reuters.

Entre as pessoas multados está o ator Alec Baldwin, que alvejou a diretora de fotografia de 42 anos, julgando que a arma estava sem balas. Na primeira vez em frente às câmaras após o trágico acidente, em dezembro, o ator garantiu: “O gatilho não foi premido. Eu não premi o gatilho”, em entrevista à ABC News.

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Agora, segundo o The Guardian, Baldwin partilhou uma declaração dos advogados na sua conta privada no Twitter, na qual agradecem ao autores do relatório terem deixado claro que “ele acreditava que a arma tinha apenas munições falsas”.

O ator estava a ensaiar uma cena que envolvia apontar a arma — que terá recebido das mãos do assistente de realização, Dave Halls  — na direção da lente da câmara de filmar. Só que o tiro matou Halyna Hutchins, que se encontrava a observar o ângulo da câmara, e feriu no ombro o realizador Joel Souza, que estava atrás da cineasta.

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Numa entrevista à CNN após a divulgação das possíveis falhas no set de filmagem, o secretário Kenney assinalou que o facto de a armeira Hannah Gutierrez-Reed não estar apenas focada no seu trabalho contribuiu igualmente para o desfecho dramático.

Quando indivíduos em qualquer que seja o cargo, mas especificamente [a armeiro do set] recebem inúmeras tarefas — em vez de ter funções separadas distribuídas por várias pessoas –, abre a hipótese de as pessoas não conseguirem fazer tudo no decorrer do dia”, justificou, acrescentando que: “A segurança não é algo que possa estar em segundo plano, deve ser uma característica intrínseca ao trabalho”.

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Questionado sobre como é que o projétil chegou ao set, Kenney avançou que esse fator não foi analisado.

A polícia continua a sua investigação criminal e, entre os inquéritos-crime abertos até agora, a família de Hutchins processou Baldwin, alegando danos “substanciais”.

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