A diretora do Centro Nacional de Inteligência espanhol (CNI), Paz Esteban, confirmou, esta quinta-feira, que 18 separatistas foram espiados com autorização da justiça. A lista inclui o atual presidente do governo da Catalunha Pere Aragonès. Todavia, não foi revelado se a espionagem ocorreu quando Pere Aragonès já ocupava esse cargo, avança o jornal El País.
Numa comissão parlamentar de “segredos oficiais”, Paz Esteban prestou esclarecimentos, ao longo de quatro horas, sobre a alegada espionagem a dirigentes separatistas e aos telemóveis do primeiro-ministro Pedro Sánchez e da ministra da Defesa Margarita Robles através do programa Pegasus.
A denúncia de espionagem contra os líderes da independência e a descoberta de ataques a telemóveis de membros do governo espanhol abalou a relação entre o executivo e os seus parceiros separatistas catalães, sobretudo a ERC (Esquerda Republicana da Catalunha), que exige demissões ao mais alto nível.
Vários porta-vozes de partidos políticos, incluindo parceiros do governo espanhol, mostraram-se descontentes com as justificações dadas pela chefe dos serviços secretos espanhóis face ao incidente e solicitaram a formação de uma comissão de investigação. Foi também pedido que os documentos mostrados na sessão sejam tornados públicos para que os cidadãos os possam ver.
O líder da ERC, o separatista Gabriel Rufián, disse à saída da reunião que as declarações de Paz Esteban apontam para dois caminhos: ou a espionagem “veio de uma ou duas nações estrangeiras” ou de “agências estatais que espiaram” além do que é permitido legalmente. Mertxe Aizpurua, membro da coligação Euskal Herria Bildu, assegurou também que as explicações apresentadas pela diretora do CNI foram “completamente insuficientes”.
O movimento a favor da independência da Catalunha pede a demissão da ministra da Defesa, Margarita Robles, que considera ser a principal responsável pela alegada espionagem de dezenas dos seus líderes. Por outro lado, o porta-voz do PP, Cuca Gamarra, mostrou-se satisfeito com a informação apresentada na sessão e considerou que os dados tinham sido mais do que suficientes, insistindo que o serviço de espionagem espanhol não está por detrás dos supostos ataques. Também o porta-voz do Vox, Iván Espinosa de los Monteros, elogiou as declarações de Paz Esteban.
Quando foi tornado público que os telefones do primeiro-ministro espanhol da ministra da Defesa foram alvo de escutas “ilícitas e externas” através do programa Pegasus, os ministérios da Defesa e da Presidência entraram em confronto sobre que tutela seria a responsável pela falha de segurança.
A diretora do Centro Nacional de Inteligência espanhol (CNI), Paz Esteban, confirmou apenas que 18 separatistas catalães foram espiados, um número muito inferior aos 63 cidadãos contabilizados pelo Citizen Lab. A primeira mulher na história a dirigir os serviços secretos espanhóis, “teve de suportar ” acusações “que não correspondem à realidade”, garantiu a ministra Margarita Robles.