Foi um eletricista, operário fabril, que contou tudo o que sabia aos russos. Por trabalhar na siderurgia, conhecia bem as entradas secretas, as curvas e as contracurvas dos quilómetros de túneis que se escondem debaixo de Azovstal. A fábrica, que tem sido bombardeada em força pelos militares russos é o último reduto da resistência ucraniana em Mariupol. Segundo um conselheiro do governo ucraniano foi esse o “traidor” que explicou aos russos como chegar aos subterrâneos. Na quinta-feira, num novo vídeo, Anton Gerashchenko, deputado, conselheiro do Ministério do Interior ucraniano e ex-número 2 na mesma pasta, afirmou por duas vezes que o traidor acabará com uma bala na cabeça. O seu nome, porém, nunca foi revelado.

Gerashchenko faz ainda um paralelo com a divulgação da informação privilegiada e com a visita a Mariupol de Vladimir Solovyov, um conhecido apresentador de televisão russo e uma das personalidades que foi alvo de sanções do Oriente. A sua villa em Itália chegou a ser incendiada.

Dentro de Azovstal. A cidade-fábrica de Mariupol onde a resistência aguenta até “à ultima gota de sangue”

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“Surpreendentemente, em Mariupol, apareceu um cabrão, propagandista russo Vladimir Solovyov”, diz Gerashchenko no vídeo, traduzido pelo Observador. “Pousava com o fundo da entrada da antiga fábrica metalúrgica da Ucrânia, a fábrica Ilyich. A própria Ilyich em Azovstal é um local que se encontra aproximadamente a 3km do local que está em constante combate entre os ocupantes militares russos e os nossos heróis, que protegem a terra ucraniana no território de Azvostal.”

Gerashchenko questiona ainda por que motivo Solovyov voou desde Moscovo para Mariupol. “Eu soube porque isso aconteceu: porque os cabrões russos encontraram um traidor da equipa dos trabalhadores da fábrica de Azovtsal, um eletricista que mostrou aos russos os túneis subterrâneos, os quais levam até ao território da fábrica. Ontem, os russos começaram a abrir fogo contra esse túneis, utilizando a informação do traidor que, sem dúvida, receberá a sua bala ou o seu tijolo contra a cabeça.”

Desta forma, o conselheiro do governo admite que Solovyov se deslocou a Mariupol porque “lhe prometeram” que ele poderia filmar o ataque a Azzvstal, “a chamada vitória dos cabrões russos contra os nossos defensores”.

Gerashchenko termina dizendo que os defensores continuam a proteger o território, ação que irá para os livros de História. “Agora, o cabrão e o traidor que mostrou os túneis subterrâneos secretos que levavam até ao território da fábrica de Azvostal, digo novamente, irá claramente encontrar a sua bala ou o seu tijolo.”

Na véspera, o conselheiro do governo ucraniano já tinha avançado, no Twitter, que um operário fabril tinha passado informação aos russos sobre os túneis de acesso à fábrica de Azovstal, um dos principais segredos para a resistência ucraniana continuar a lutar em Mariupol.

Assim, Anton Gerashchenko, conselheiro do ministério da Administração Interna ucraniano, afirmou que os ataques russos à fábrica se intensificaram porque o exército russo teve acesso a informação privilegiada. “Um trabalhador da Azovstal traiu a Ucrânia e falou aos russos sobre os túneis subterrâneos que dão acesso à fábrica”, escreveu na quarta-feira.