A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, disse hoje que a alta inflação combinada com a estagnação sustentada não é a “referência” que o banco pretende, alimentando o debate sobre uma próxima subida da taxa de juro.

“Embora o invulgar grau de incerteza possa significar um abrandamento combinado do crescimento e uma inflação elevada, a situação atual não pode ser comparada à dos anos 70”, diz Christine Lagarde numa entrevista ao diário esloveno Delo.

O cenário conhecido no passado e referido como “estagflação” não é “atualmente a nossa referência”, argumentou a antiga ministra da Economia francesa.

O choque petrolífero no início da década de 1970 causou o colapso da economia e a inflação foi mais elevada do que atualmente.

Houve também uma espiral de aumentos salariais em resposta à inflação, alimentando-a, o que “não vemos (…) hoje”, acrescentou.

A mensagem de Lagarde surge depois de uma sequência de comunicações nos círculos dos banqueiros centrais da zona euro, onde todos deram na semana que termina a sua ideia do momento certo para decidir sobre uma primeira subida da taxa de juro.

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Este será um passo importante no processo em curso de normalização da política monetária acomodatícia em resposta às crises, em particular a ligada à covid-19 a partir de 2020.

O BCE já eliminou gradualmente as recompras massivas de dívida lançadas em 2015 para combater a baixa inflação.

Espera-se que estas recompras sejam reduzidas a zero “no início do terceiro trimestre”, de acordo com Lagarde, e os ajustamentos das taxas diretoras “terão lugar algum tempo depois e serão graduais”.

Isto deixa em aberto a possibilidade de discutir uma primeira subida de taxa — desde 2011 — na última reunião de política monetária antes das férias de verão, marcada para 21 de julho, como sugerido por vários membros do BCE, como a membro da comissão executiva Isabel Schnabel.

Os ‘guardiões do euro’ devem, acima de tudo, decidir em função da evolução da guerra na Ucrânia.

A guerra “é sobretudo uma tragédia humana” que também tem “consequências económicas para além da Ucrânia”: “pesa no crescimento e alimenta a inflação”, insistiu Lagarde.