O Governo admite mexer no enquadramento financeiro do Banco Português de Fomento (BPF) para conseguir contratar um chairman. A possibilidade foi levantada pelo ministro da Economia, ouvido esta quinta-feira no Parlamento, na Comissão de Orçamento e Finanças, juntamente com a Comissão de Economia, Obras Públicas e Inovação, no âmbito da apreciação na especialidade do Orçamento do Estado para 2022.

Questionado pelo deputado do PSD José Miranda Sarmento sobre os incentivos à contratação de um chairman, “que não parecem suficientes para contratar chairman qualificado”, António Costa Silva concordou e admitiu mudanças ao nível da remuneração.

“Reconheço que temos aqui uma derrapagem em termos de prazos. Gostaria que o Banco Português de Fomento já estivesse totalmente operacional. A questão do chairman é fundamental. Queremos uma pessoa que tenha visão estratégica e possa dinamizar com a atual equipa de gestão todo o funcionamento do BPF. Espero anunciar em breve”, começou por dizer o minstro.

“Quando isso acontecer transporemos um obstáculo. Concordo que o enquadramento financeiro não é o melhor. O que estamos a discutir é libertar esse enquadramento das restrições que tem. Se queremos ter pessoas competentes, e o país beneficia com isso. Um exemplo é a CGD. Assim que se libertaram as restrições usuais da contratação pública, tivemos um excelente CEO, que está a fazer um excelente trabalho. O que desejo, e vou lutar, é para isso acontecer no Banco de Fomento”, revelou António Costa Silva.

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O PSD questiounou ainda o ministro sobre a publicação das contas de 2020 do banco, ao que o ministro garantiu que estas “estão finalizadas”. O Governo está “à espera da assembleia geral de acionistas que vai decorrer em breve para serem aprovadas e publicadas”.

No discurso que inaugurou a intervenção do ministro, Costa Silva destacou “a nova era” que se vive na geopolítica internacional, onde “as placas tectónicas estão a mover-se”. Face ao atual contexto, marcado pela guerra na Ucrânia, o ministro ressalvou que o PIB cresceu 4,9% no ano passado, exponenciado pelo aumento das exportações em 13,1%, e do investimento externo de 7,5%. “O problema é que as importações crescem em linha com as exportações, e isso cria dificuldades, mas no balanço agregado notamos dinamismo”, ressalvou. O ministro destacou ainda os 2,2 mil milhões de euros garantidos em investimento internacional nos primeiros dois meses do ano como um “sinal que dão alguma esperança de que podemos dar a volta, apesar dos problemas”.

Costa Silva referiu ainda a “dificuldade incontornável” deste ano que é a inflação, que em abril foi de 7,2%. O ministro salientou aquela que tem vindo a ser a posição do Governo, de que a inflação é “importada”, e desatacou que “a inflação é uma das variáveis económicas mais complexas com que temos de lidar” e que “qualquer erro pode ter consequências dramáticas, como aconteceu no passado”.