Os voos controlados pela FIR Oceânica do Sal praticamente duplicaram no primeiro trimestre, face ao mesmo período de 2021, para uma média equivalente a 115 aviões por dia, segundo dados da empresa pública cabo-verdiana ASA.

De acordo com um boletim estatístico (janeiro a março) da empresa pública Aeroportos e Segurança Aérea (ASA), ao qual a Lusa teve acesso esta terça-feira, globalmente, este tráfego totalizou 10.318 sobrevoos no primeiro trimestre, registo semelhante a todo o primeiro semestre do ano passado (10.600) e que compara com os 4.915 sobrevoos no primeiro trimestre de 2021.

No primeiro trimestre de 2019, antes dos efeitos da pandemia de Covid-19, a FIR Oceânica do Sal controlou 13.774 sobrevoos, com a ASA a sublinhar neste boletim a tendência crescente deste movimento, uma das suas principais receitas, nos últimos meses.

Houve avanços nos processos de abertura nos países europeus e levantamento de algumas restrições à circulação impostas pelos governos desses países, dando assim uma maior estabilidade e liberdade de circulação entre os países e continentes, influenciando diretamente o tráfego de sobrevoos na nossa FIR”, lê-se no documento.

Das principais operadoras que sobrevoaram o espaço aéreo de Cabo Verde de janeiro a março destaca-se a portuguesa TAP, que registou 1.810 sobrevoos (quota de 17,5%), duplicando os seus movimentos em termos homólogos, um aumento de 972 sobrevoos face a 2021, seguida da espanhola Iberia, com 788 sobrevoos (quota de 7,6%).

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Os rendimentos da ASA com o setor da navegação aérea cresceram 19% de 2017 para 2018, para 2.945 milhões de escudos (26,6 milhões de euros), então o equivalente a 43% de todas as receitas da empresa pública que gere os aeroportos do país, mas praticamente desapareceram nos meses que se seguiram à pandemia de Covid-19.

A FIR corresponde a um espaço aéreo delimitado verticalmente a partir do nível médio do mar, sendo a do Sal — que existe desde 1980 — limitada lateralmente pelas de Dacar (Senegal), Canárias (Espanha) e Santa Maria (Açores, Portugal).

Toda esta área está sob jurisdição das autoridades aeronáuticas cabo-verdianas, tendo a FIR sido criada em 1980.

O Governo cabo-verdiano anunciou este mês que vai atribuir a concessão dos aeroportos e aeródromos do país — atualmente a cargo da empresa pública ASA — à sociedade Vinci Airports SAS, por um período de 40 anos, num negócio em que o Estado vai receber 80 milhões de euros, além de bónus das receitas brutas.

A ANA — Aeroportos de Portugal — vai ter 30% das participações na sociedade de direito cabo-verdiano criada para celebrar o contrato de concessão, que deverá acontecer nos próximos seis meses.

O executivo liderado por Ulisses Correia e Silva esclareceu, contudo, que, além da gestão de ativos financeiros que detém, a ASA continuará com a responsabilidade de prestar os serviços de Navegação Aérea, nomeadamente na gestão da FIR Oceânica do Sal, que se manterá 100% na esfera pública, não sendo alvo de concessão a privados.

A localização estratégica da FIR do Sal coloca-a “na encruzilhada dos maiores fluxos de tráfego aéreo entre Europa e a América do Sul e entre a África Ocidental e a América do Norte e Central e as Caraíbas”, explicou anteriormente a ASA.

O pico histórico mensal do movimento na FIR Oceânica do Sal registou-se em julho de 2019, com um total de 5.424 aeronaves controladas, equivalente a 175 sobrevoos diários.

O Centro de Controlo Oceânico do Sal funciona no Aeroporto Internacional Amílcar Cabral, na ilha do Sal, tendo sido inaugurado em 24 de junho de 2004.