O circuito de Mugello terá sempre um lugar especial no percurso de Miguel Oliveira no motociclismo. Logo à cabeça, por ter sido o local onde conseguiu a primeira vitória no Mundial de Moto3, em 2015. Depois , por ser o traçado onde conseguiu o primeiro triunfo no último ano a rodar em Moto2, em 2018, quando perdeu o Campeonato para Pecco Bagnaia fazendo 297 pontos. A seguir, por ter sido o fim de semana em que deu início ao melhor momento da temporada do ano passado, com três pódios e quatro top 5 consecutivos. Era ali em Itália que iria tentar um novo início de ano de 2022, marcado não só pelos rumores em torno do seu futuro mas também pela queda a três voltas do final em Le Mans que foi um rude golpe no Mundial.

Do sonho ao pesadelo: Miguel Oliveira sai de 17.º, entra no top 10 mas cai quando lutava pelo oitavo lugar do Grande Prémio de França

“Sim, a questão da Tech3 é algo sobre o qual a KTM já me falou. É algo bem recente mim. Agora questiono-me várias vezes: o que eu poderia ter feito diferente? E o que mais posso fazer? O que mais posso fazer para alcançar a mesma posição que tenho agora? Ainda não tenho uma resposta para isso. Sei que não há muitos lugares disponíveis em equipas de fábrica. Neste momento há muitos pilotos mas nem por isso muitos lugares. A minha ambição é continuar a competir numa equipa de topo”, comentou à Speedweek, admitindo pela primeira vez a possibilidade colocada pela equipa de dar um passo atrás na KTM.

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Um arranque de sonho, uma corrida sem falhas, um final polémico: Oliveira acaba em segundo, é penalizado mas mantém posição em Itália

Há mais cenários em aberto além de um regresso à Tech3, onde conseguiu as primeiras vitórias no MotoGP na Estíria e em Portugal. O mais recente é a LCR, a equipa satélite da Honda que pode ver com bons olhos o piloto português e que terá feito contactos exploratórios com os seus representantes. Outro já antes falado é a Yamaha, neste caso num cenário em que promovia a sua equipa de Moto2, a Yamaha VR46 Master Camp Team, para ficar com a sua satélite depois do acordo da RNF com a Aprilia. Tudo está em cima da mesma mas o mais importante agora seria mesmo voltar aos bons resultados no Mundial, algo que não foi possível dos dois primeiros treinos livres em que rodou fora do top 10 e atrás do companheiro Brad Binder.

“Tivemos duas sessões diferentes. Tínhamos muitos pneus pré-aquecidos na alocação que já haviam sido aquecidos em outro Grande Prémio. Tivemos que usá-los o mais rápido possível. Na manhã do TL1, o pneu traseiro médio foi muito mau para mim e à tarde o composto macio não me deu nenhuma aderência adicional. Mas sinto que não estamos a perder muito. Ao mesmo tempo, a 15.ª posição não nos dá motivos para sorrir. Só temos que continuar a trabalhar e ver o que o sábado nos reserva”, referiu, antes de acabar a terceira sessão de treinos livres de manhã com o 14.º posto, desta vez à frente de Binder (19.ª).

A novidade do final da manhã/início da tarde em Mugello foi o aparecimento de chuva e automaticamente as atenções ficaram todas focadas em Miguel Oliveira. Percebe-se porquê e o português não demorou a dar razão à realização, saltando de imediato para a primeira posição da Q1 sem que Jack Miller, outro piloto que também se dá bem com a chuva, a não conseguir superar o tempo de 1.55,380. A meio, e numa volta canhão que deixou todos surpreendidos sem perceber se o asfalto tinha de repente ficado seco ou se havia algum outro fenómeno diferente, Brad Binder saltou para a frente com 1.52,402, quase menos três segundos do que o companheiro da KTM. Todos foram às boxes trocar de motos para a parte final.

As alterações tiveram efeitos práticos, com ameaça de entrada nos dois primeiros de alguns pilotos antes da concretização do objetivo por Michele Pirro, em estreia na Ducati. Miguel Oliveira tinha três minutos e meio para conseguir a passagem à Q2 que perante este contexto estava favorável mas a dança de posições na frente começou a ser bem maior do que se pensava, com Marc Márquez e Jack Miller a ficarem na frente e o português a ficar em quinto na penúltima volta perante uns últimos segundos onde várias motos tinham sinal vermelho (de melhoria de tempo) nos setores iniciais. Brad Binder falhou o top 2, Oliveira saltou mesmo para a zona de qualificação mas Fabio Di Giannantonio e Marc Márquez ficaram na última volta lançada com o apuramento para o Q2, à frente de Jack Miller, Michele Pirro e Miguel Oliveira.

As surpresas não ficariam por aí, com a Q2 a abrir espaço para uma longa dança de lugares que no final deu a Fabio Di Giannantonio a possibilidade de conseguir a primeira pole position da carreira no MotoGP ao cair do pano, num momento muito celebrado pelo transalpino da Gresini que corre numa pista que conhece bem. Marco Bezzecchi foi a outra surpresa do dia ao terminar na segunda posição, ao passo que Luca Marini fechou a primeira linha da grelha de partida, deixando Johann Zarco em quarto.