Nas trincheiras de Kharkiv ou em bunkers, vários militares ucranianos fizeram uma pausa na guerra para assistir ao jogo de futebol da Ucrânia contra a Escócia esta quarta-feira.
No primeiro jogo oficial desde o início do conflito, a seleção ucraniana, determinada a dar uma alegria aos que assistiam ao jogo, venceu em solo escocês a equipa da casa por 3-1 e vai disputar a presença no Mundial do Qatar contra o País de Gales. Em imagens partilhadas no Instagram é possível ver os soldados eufóricos com o triunfo.
Durante 90 minutos, o futebol foi um escape tanto para as forças na frente de batalha como para os milhares de ucranianos que assistiram à partida nas suas casas.
"We want to have victory in football games and the main victory in this war"
Ukrainian MP Andriy Herus says he was pleased to see Ukraine win their World Cup play-off semi-final last night while he watched with friends, a short distance from the Russian Army front line#R4Today pic.twitter.com/nVW6sLH6TR
— BBC Radio 4 Today (@BBCr4today) June 2, 2022
O Presidente da Ucrânia resumiu o jogo como “duas horas de felicidade”. No Instagram, Volodymyr Zelensky deixou a seguinte mensagem aos jogadores: “Há momentos em que não são precisas muitas palavras! Apenas orgulho! Só obrigado (…) Lutaram, tiveram perseverança. Eles ganharam. Porque são ucranianos! Uma alegria para os nossos militares e para todo o país. Estamos a lutar, cada um na sua frente. Pela nossa bandeira azul e amarela, pelo nosso brasão e com os nossos corações, pelo lema ‘A Ucrânia ainda não está morta’ que ninguém pode silenciar”.
No final do jogo, o treinador da Ucrânia, Oleksandr Petrakov, fez declarações aos jornalistas e, segundo a CNN Internacional, revelou não ter “emoções”. “Esta vitória não foi para mim, nem para os jogadores. Foi para o nosso país. Jogámos para aqueles que lutam nas trincheiras, aqueles que lutam até à última gota de sangue”.
Já Zinchenko recorreu ao Instagram, onde colocou uma fotografia da partida de quarta-feira, para salientar que falta “um jogo” para que a Ucrânia consiga garantir presença no Mundial do Qatar.
O jogo da Ucrânia contra a Escócia foi também a oportunidade para que Pelé se pronunciasse sobre a guerra. O antigo jogador caracterizou o atual conflito como “perverso e injustificável”, acrescentando que “não traz nada além de dor, medo, terror e angústia”.
A guerra só existe para separar nações, e não ideologia que justifique” os ataques que “enterram sonhos de crianças”.
Foi com uma referência a Putin, que Pelé concluiu a carta aberta que publicou no Instagram: “O poder de dar um fim a este conflito está nas suas mãos. As mesmas que apertei em Moscovo, no nosso último encontro em 2017.”