A meio de maio, há praticamente um mês, o treinador do Slavia Praga capitulou. “Alexander Bah, o principal jogador da equipa, vai provavelmente deixar o clube”, disse Jindřich Trpišovský depois de uma derrota no dérbi com o Sparta Praga. E Jindřich Trpišovský não estava enganado: esta terça-feira, Alexander Bah foi confirmado como reforço do Benfica. 

O jogador dinamarquês chegou a Lisboa esta segunda-feira, dormiu no Seixal e assinou contrato esta terça-feira depois de cumprir os habituais testes médicos. Bah chega a troco de oito milhões de euros, assinou até 2027 é o terceiro reforço do Benfica para a próxima temporada depois das oficializações de Petar Musa, croata contratado ao Boavista, e Ristic, sérvio que estava no Montpellier.

“Estou muito entusiasmado e orgulhoso por estar aqui, estou ansioso por começar. Mas tive um dia longo, amanhã falamos melhor”, disse o lateral aos jornalistas à chegada, ainda no Aeroporto Humberto Delgado, sem mencionar os encarnados. Aos 24 anos, Alexander Bah ganhou proeminência nas duas últimas épocas ao serviço do Slavia Praga, onde foi campeão nacional, conquistou uma Taça da República Checa e marcou sete golos ao longo de 67 jogos, e atraiu o interesse de vários clubes europeus com as exibições positivas na Liga Europa e na Liga Conferência.

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Natural de Årslev, uma localidade de Funen, a terceira maior ilha da Dinamarca, Bah é descendente de imigrantes provenientes da Gâmbia. Começou a jogar no Aarslev Boldklub, o clube local, mas não demorou muito até integrar as camadas jovens do FC Fyn. Quando o emblema declarou insolvência no início de 2013, o lateral juntou-se ao treinador que o orientava e mudou-se para a academia do Næsby Boldklub, justificando mais tarde a decisão com a ideia de que a formação tinha “uma boa reputação no desenvolvimento de jovens jogadores”.

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O lateral de 24 anos estreou-se pela seleção da Dinamarca em novembro de 2020, contra a Suécia

Aos 14 anos, porém, a vida e a carreira de Alexander Bah deram uma volta. Na hora de começar o ensino secundário, o lateral optou por ingressar numa efterskole, um sistema educativo que existe na Dinamarca e que é essencialmente focado numa formação mais profissional e virada para uma área de atividade — seja desporto, cozinha, teatro, música ou dança. A questão? As efterskole, com 260 estabelecimentos espalhados pelo país, obrigam a um regime residencial e de internato. Ou seja, dos 14 aos 18 anos, Bah parou de jogar no Næsby Boldklub e passou a representar o Ikast FS, o clube local da região onde estudava.

Quando terminou os estudos, voltou ao Næsby Boldklub, que estava no segundo escalão. Estreou-se na equipa principal na primavera de 2016, mudou-se para o HB Køge — onde em 2017 recebeu o prémio “Talento do Ano” — e em 2018 deu o salto para o principal escalão da Dinamarca através do SønderjyskE. Nesta altura, Bah ainda era um extremo direito: no SønderjyskE, foi adaptado a lateral, posição que assumiu com sucesso e onde acabou por ser um contributo essencial na conquista de uma Taça. Na mesma fase em que chegou a ser nomeado para Jogador do Mês, foi convocado para a seleção dinamarquesa pela primeira vez e cumpriu a primeira internacionalização em novembro de 2020, contra a Suécia — marcando desde logo um golo depois de ter entrado a partir do banco.

Chegou, fez exames, assinou: Benfica confirma Ristic e Grimaldo já tem concorrente direto (ou sucessor)

Em janeiro do ano passado, em pleno mercado de inverno, Alexander Bah deu mais um salto e assinou pelo Slavia Praga — garantindo ao SønderjyskE um encaixe financeiro completamente sem precedentes. No último ano e meio, na República Checa, tornou-se um elemento crucial para Jindřich Trpišovský e para a equipa que foi campeã em 2020/21, conquistando também a Taça, e chegou aos quartos de final da Liga Conferência na época que agora terminou, caindo apenas contra o Feyenoord que acabaria por ir à final da competição.

Tido como uma quase certeza na convocatória da Dinamarca para o Mundial do Qatar, Alexander Bah é mais uma tentativa de solução para um problema que o Benfica não tem resolvido nos últimos anos e quase desde que Nélson Semedo deixou a Luz: a direita da defesa. Gilberto e Valentino Lázaro foram contratados nas duas épocas mais recentes, Diogo Gonçalves e Everton já foram adaptados, André Almeida é sempre uma espécie de alternativa sombra e Ebuehi, Tomás Tavares, Douglas nunca tiveram qualquer impacto.