Sete dos 27 detidos recentemente por associação criminosa, branqueamento, burla informática, acesso ilegítimo e falsidade informática, num caso relacionado com phishing bancário, ficaram em prisão preventiva, informou esta quinta-feira o Ministério Público (MP) de Lisboa.

Segundo uma nota do MP, na sequência de interrogatório, o juiz de instrução criminal decidiu aplicar a sete arguidos a medida de coação de prisão preventiva, enquanto outros 16 ficaram sujeitos a apresentações semanais posto policial da área de residência e a proibição de contactos com os demais coarguidos, para além do Termo de Identidade e Residência (TIR).

Os restantes quatro arguidos ficaram sujeitos às obrigações decorrentes do TIR.

“Os detidos são suspeitos de integrarem um grupo organizado que se dedicava à prática de phishing bancário. A estrutura liderada por um hacker brasileiro, cuja identidade ainda não foi possível apurar, terá começado, a operar em junho de 2021″, refere o MP, que realizou as detenções numa operação que envolveu vários inspetores e peritos da Polícia Judiciária (PJ)

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No essencial – esclarece o MP – eram difundidas de forma generalizada mensagens SMS em nome de instituições bancária, reportando falsas anomalias ou solicitando a atualização de dados. Essas mensagens reencaminhavam as vítimas para sites que imitavam as verdadeiras páginas de homebanking dos bancos, onde os respetivos dados de acesso eram capturados.

Posteriormente – adianta o MP – os ofendidos eram contactados telefonicamente por arguidos que se faziam passar por funcionários bancários por forma a validar transferências bancárias ilícitas que tinham sido efetuadas, nomeadamente para contas de arguidos recrutados para atuarem como money mules.

Para facilitar o branqueamento dessas quantias, as mesmas eram, depois canalizadas para a aquisição de divisas estrangeiras ou para a compra de cartões oferta, revela ainda a investigação

O inquérito, que se encontra em segredo de justiça, prossegue sob direção do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, com a coadjuvação da PJ.

No passado dia 30 de maio, o coordenador de investigação criminal da PJ, Paulo Gonçalves, divulgara que a maioria dos arguidos era oriundo de um país da América Latina, referindo que esta “complexa investigação” durou cerca de um ano e esteve a cargo da Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica (UNC3T) da PJ.

A operação, denominada “A171”, implicou 38 mandados de busca, algumas domiciliárias e outras a viaturas dos suspeitos, onde foram encontrados documentação e outras provas de atividade criminosa com ramificações transnacionais, que lesou as vítimas em pelo menos dois milhões de euros.

As buscas abrangeram os concelhos de Lisboa, Sintra, Mafra, Odivelas, Loures, Seixal, Sesimbra, Setúbal e Marinha Grande, envolvendo mais de uma centena de investigadores e peritos da PJ.

Segundo Paulo Gonçalves, algumas das vítimas foram lesadas em 9.000 euros, mas também houve outras que sofreram um prejuízo de 30 mil euros, tendo o inspetor da PJ afastado a ideia de que as vítimas do phishing bancário sejam essencialmente pessoas idosas e com dificuldades em lidar com sistemas informáticos ou com a banca online.

Paulo Gonçalves apelou para que as pessoas que utilizem a banca ‘online’ procurem ter toda a informação dos alertas da PJ e também das instituições bancárias sobre os perigos da banca ‘online’.