Muita confusão, intervenções policiais em mais do que uma ocasião, acusações de diferença de tratamento entre claques rivais, queixas de abuso de força por parte de quem estava apenas a seguir um jogo de hóquei em patins. O dérbi do Campeonato entre Sporting e Benfica no Pavilhão João Rocha, neste caso a “negra” onde quem ganhasse iria defrontar o FC Porto na final do playoff, teve alguns episódios anormais durante a partida e terminou da pior forma, com as autoridades a “varrerem” duas das bancadas (uma onde se concentravam as claques verde e brancas, outra a central onde estavam várias crianças) e a fazerem um total de duas detenções e dez identificações. E um dos visados foi mesmo um dirigente leonino.

Intervenções policiais, dois detidos e dez identificados (entre os quais um dirigente do Sporting): o final do dérbi de hóquei em patins

Miguel Afonso, vogal para as modalidades da Direção verde e branca liderada por Frederico Varandas, foi questionar as forças policiais sobre as razões que levaram a nova intervenção e acabou também por ser um dos detidos por alegadas injúrias a autoridades, saindo agarrado por elementos policiais depois de ter sido empurrado para fora da zona em causa. Nessa noite de domingo, foi levado para o Comando Central da Polícia de Segurança Pública, em Moscavide, saindo pouco depois com termo de identidade e residência. Esta terça-feira, o dirigente iria comparecer para primeiro interrogatório judicial, podendo daí resultar ou não novas medidas de coação por injúrias à Polícia (de acordo com o comunicado da PSP, a outra pessoa foi detida por “resistência e coação quando se retirava uma tarja que camuflava a deflagração de pirotecnia na bancada”). Não aconteceu mas só depois disso é que Miguel Afonso reagiu ao sucedido.

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“No Sporting reconhecemos os nossos erros e eu sou o primeiro a ter que dar o exemplo. Reconheço que, independentemente das minhas boas intenções, acabei por me exaltar e exprimir-me de forma incorreta perante as autoridades policiais em defesa dos nossos adeptos e do que considerei − e considero, ainda − ter sido uma intervenção policial exacerbada e desnecessária para o contexto”, referiu o dirigente numa nota informativa publicada no site do clube e que foi acompanhada por um comunicado.

“O Sporting pauta a sua atuação com base na sua crença, e forma de estar, no Desporto como veículo de influência positiva nos demais e na sociedade, adotando um comportamento de liderança através do exemplo. O clube tem sido dos que mais tem lutado neste sentido, em várias frentes, seja contra a violência, seja na adoção e apresentação de propostas que visam uma evolução do Desporto com um ecossistema que promove o melhor do espectáculo e a sua sã competitividade. E é desta forma que, em desenvolvimento e auto-análise constante, assumimos, e assumiremos sempre as responsabilidades quando for o caso”, começou por referir a nota oficial da formação de Alvalade, entre vários reparos ao sucedido.

“O Sporting assume as suas responsabilidades, tal como já foi feito hoje pelo vogal do Conselho Diretivo envolvido nos acontecimentos. A passividade constante perante o clima de hostilidade que é criado em outros estádios e pavilhões, gera infelizmente um clima geral de indignação, e de sensação de injustiça. Porque é um comportamento que continua a passar impune, que não protege o desporto saudável e a maioria que o pratica e vive, com efeitos nefastos desportivos – nas equipas de arbitragem, nos atletas, nas equipas técnicas e em todos os demais envolvidos. Sentimento que se está a tornar crescente por ser uma prática reiterada, já imagem de marca de alguns clubes, e a querer ser repetida por outros, mesmo que muitas vezes seja feita onde não há câmaras a poder registar”, destacou o mesmo comunicado.

“Surpreendentemente, nas antípodas desta “típica” passividade noutros contextos, as autoridades policiais decidiram optar por agir em força bruta, tendo uma atuação completamente desproporcional à que a situação exigia. Por último, o Sporting informa vai pedir uma reunião de urgência com o ministério da Administração Interna para acautelar que estas situações não se voltam a repetir”, concluiu.

“Face a comportamentos inadequados para com os jogadores e equipa de arbitragem, reiterados durante o jogo e visando prevenir agressões e eventuais interrupções do jogo, houve necessidade de afastamento de alguns adeptos do SCP que se encontravam por detrás dos bancos de suplentes. Em momento próximo do fim do jogo, este grupo começou a avançar para junto dos Polícias e a empurrar a manga da zona técnica, tendo sido necessário aumentar a área de segurança através do afastamento dos adeptos daquele local, criando-se assim condições de segurança para os próprios Polícias e para a saída dos jogadores e equipa de arbitragem, em momento posterior”, defendera antes o Comando Metropolitano de Lisboa.

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“Foram detidas duas pessoas, uma por injúrias a Polícia e outra por resistência e coação quando se retirava uma tarja que camuflava a deflagração de pirotecnia na bancada, tendo neste caso, havido necessidade de intervenção policial naquela área para concretizar a detenção e garantir a segurança dos Polícias envolvidos dado que um grande grupo de adeptos tentou impedir a detenção, a retirada da tarja e do detido. Foram retirados do pavilhão e identificados nove adeptos do SCP e um adepto do SLB por comportamentos inadequados. Após o fim do jogo os adeptos do SLB foram acompanhados para o exterior sem registo de qualquer incidente. Durante todo o policiamento não foi comunicada qualquer situação de ferimentos decorrentes das intervenções durante o jogo. A PSP vai participar e comunicar às autoridades competentes os comportamentos verificados durante o jogo. A PSP apela a um comportamento cívico em ambiente desportivo por parte dos adeptos, e que evitem atitudes e ações de violência ou que incentivem conflitos e alteração de ordem pública, situações em que a PSP não hesitará em intervir para garantir a segurança de todos os intervenientes e o normal decurso do evento desportivo”, acrescentou o comunicado.

Foram entretanto surgindo mais vídeos nas redes sociais que mostram parte da confusão que se viveu sobretudo após o final do encontro, que terminou com o triunfo do Benfica por 7-5 após prolongamento.