O secretário de Negociações Bilaterais no Médio Oriente, Europa e África do Brasil afirmou à Lusa que a CPLP ganhou, com o atual Governo, uma maior relevância para a política externa do país, nomeadamente na área da defesa. “A CPLP ganhou uma nova relevância neste Governo em matéria de política externa brasileira”, considerou Kenneth Nóbrega, em entrevista à Lusa no palácio do Itamaraty em Brasília.

O responsável brasileiro, que não poupou os elogios à presidência angolana da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), fundamental para dotar esta comunidade lusófona com um pilar económico e comercial, afirmou que o Brasil procurou reforçar a importância “da cooperação na defesa”.

Esse reforço, defendeu, está centrado “dentro de uma grande ideia de que uma grande parte dos países estão em torno do Atlântico Sul”, daí resultando a “importância dessa cooperação contra a criminalidade internacional”.

Apesar das melhorias significativas, a Guiné-Bissau tem um dos maiores índices de criminalidade marítima no mundo, lembrou Kenneth Nóbrega, acrescentando que na estratégia de defesa brasileira atualizada, o Atlântico Sul, nomeadamente o Golfo da Guiné e África Ocidental tornaram-se parte importante da estratégia do Brasil. “Colocamos dentro da CPLP uma discussão que é fundamental hoje em dia para a política de defesa brasileira”, defendeu, reforçando que essa estratégia resultou “concretamente em operações conjuntas de cooperação entre as marinhas dos países da CPLP”.

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“Apesar da pandemia houve manobras conjuntas na costa de Angola e também se buscou dar mais robustez ao centro estratégico da CPLP, em Moçambique, para expandir a discussão sobre cooperação na criminalidade marítima”, sublinhou. Em relação ao reforço da cooperação económica na comunidade, Kenneth Nóbrega afirmou que deve ser dado “crédito a quem merece: Angola”

“Angola impulsionou a expansão das atividades da CPLP”, disse, lembrado a criação de um fórum de promoção comercial e de investimento na CPLP e da primeira reunião oficial de ministros da Economia da CPLP.

“Houve um esforço novo de pensar a CPLP como um espaço de desenvolvimento económico e de promoção comercial”, frisou. Para o responsável, um dos objetivos que devem ser agora implementados é “estudar de que forma os diversos organismos financeiros internacionais podem contribuir para projetos de desenvolvimento e investimento nos países na CPLP, para financiamento à exportação”.

Em relação ao acordo de mobilidade ratificado por praticamente todos os países-membros da CPLP (com exceção da Guiné Equatorial e Angola, que ainda não depositaram os instrumentos de ratificação junto da sede da organização), Kenneth Nóbrega considerou que esta medida “é um marco da CPLP”.

“O acordo de mobilidade é um marco da CPLP, ele é um acordo negociado de forma muito cuidadosa porque há países que vêm de outras realidades, até regulatórias”, considerou. Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste são os nove Estados-membros da CPLP.