Portugal participou com 1.465 militares em missões internacionais no segundo semestre de 2021, verificando-se uma presença mais significativa no Báltico, no Mediterrâneo, na República Centro-Africana e no Atlântico, indica um relatório.

Os números constam de um relatório sobre o envolvimento dos contingentes militares portugueses no estrangeiro relativo ao segundo semestre de 2021, elaborado pela Direção-Geral de Política de Defesa Nacional, discutido esta tarde na Comissão de Defesa da Assembleia da República e ao qual a Lusa teve acesso.

Comparativamente ao primeiro semestre do mesmo ano, no qual Portugal participou com 1.314 militares neste tipo de missões, verifica-se um aumento de 151 efetivos.

O documento em causa “apresenta um ponto de situação sobre o envolvimento de contingentes militares portugueses no exterior, incluindo Forças e Elementos Nacionais Destacados, Autoridade Marítima Nacional (Polícia Marítima) e Cooperação no Domínio da Defesa” naquele período.

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Na segunda metade do ano passado, “Portugal participou com 1.465 elementos em missões internacionais, incluindo os elementos da Polícia Marítima no quadro da FRONTEX”, lê-se no relatório, verificando-se “quatro áreas geográficas onde a incidência da participação Nacional foi significativa: no Báltico, no Mediterrâneo, na República Centro-Africana e no Atlântico“.

O relatório indica ainda que “as participações nacionais mais significativas, do ponto de vista dos efetivos, ocorreram na missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas na República Centro-Africana (MINUSCA), no âmbito da ONU, e na Standing Naval Maritime Group 1 (SNMG1), no quadro da NATO.

“Os números apresentados representam as opções políticas definidas, com uma expressão muito significativa do contributo das Forças Armadas para missões de paz e segurança internacionais, com impactos geopolíticos em quatro continentes. Constata-se que o emprego no Atlântico, no Mediterrâneo, na Costa Ocidental Africana e no Continente Africano corresponde a cerca de 75,4% dos recursos humanos“, refere o relatório.

O documento refere que “no quadro da participação nacional, verificou-se um relativo equilíbrio perante as quatro dimensões do emprego, ainda que no quadro da União Europeia, os números envolvidos no âmbito da Agência FRONTEX contribuíram de forma relevante para o mesmo”.

Ao nível da NATO, a presença nacional ocorreu no Mediterrâneo, no Oceano Atlântico, no Afeganistão, na Lituânia, na Roménia e no Iraque “com um envolvimento de 710 militares”.

“Registe-se o emprego de uma aeronave P3C em onze missões e do submarino NRP Tridente no quadro da Operação “Sea Guardian” a decorrer no Mediterrâneo, a participação de 4 F16 no “Baltic Air Policing”, uma Companhia de Fuzileiros na Lituânia no quadro das NATO “Assurance Measures”, uma Companhia na “Taylored Forward Presence” na Roménia e a participação do NRP Corte Real na SNMG1 no quadro da NATO”, escrevem.

No quadro das Nações Unidas, a presença nacional ocorreu na RCA, no Mali e na Colômbia, “sendo que a mais significativa ocorreu no quadro da MINUSCA na RCA”.

Já no âmbito da União Europeia, a presença nacional ocorreu na RCA, no Mali, na Somália, no Mediterrâneo e em Moçambique, com o envolvimento de 413 militares das Forças Armadas e da Polícia Marítima, indicam.

Já ao nível bilateral e multilateral, “presença nacional ocorreu no Atlântico, na Jordânia, no Mali, São Tomé e Príncipe e na Costa Ocidental Africana com a presença de 83 militares“, registando-se também “em S. Tomé e Príncipe do NRP Zaire, por um período de um ano, em ações de fiscalização marítima”.

De acordo com o documento, o ramo que teve um maior emprego de militares foi a Marinha (572), “sendo que as missões no quadro da NATO constituíram as de maior participação”.

Relativamente à distribuição por sexo, “ocorreu a participação de 92 elementos do feminino e de 1373 do masculino, sendo que a Marinha foi o ramo que mais contribuiu relativamente aos sexos feminino e masculino”

No que toca à Cooperação no Domínio da Defesa, dos 136 militares envolvidos, a maioria era do Exército e “Moçambique é o país onde a presença nacional é mais significativa, seguindo-se Angola”.

No debate na comissão parlamentar de Defesa, esta tarde, PS e Iniciativa Liberal destacaram e elogiaram o contributo das Forças Nacionais Destacadas presente neste relatório. O mesmo agradecimento foi deixado por PSD e Chega, com o social-democrata Carlos Eduardo Reis a apelar para que sejam discriminadas as verbas de cada missão. Já o Chega, pela voz do deputado Rui Paulo Sousa, mostrou-se preocupado com os meios ao dispor das Forças Armadas, “inclusive os meios para se deslocarem para estes cenários”.