Não é fácil “sacar” informações a altos responsáveis dos construtores de automóveis, especialmente quando se trata de uma marca tão exclusiva e sofisticada como a Lamborghini, que navega na crista da onda em matéria de avanços tecnológicos, tentando sempre estar um passo à frente dos rivais. Na recente apresentação do Huracán Tecnica, que decorreu em Valência, conversámos com um dos engenheiros envolvidos no desenvolvimento dos modelos da casa de Sant’Agata Bolognese. O especialista não quis partilhar segredos, mas sempre foi avançando quais eram, na sua opinião, as soluções ideais para transformar em PHEV os superdesportivos Huracán e Aventador.

Pelo entusiasmo com que falava dos mais ínfimos pormenores dos modelos que desenvolve, o responsável técnico mostrou-se um apaixonado pelos coupés desportivos da marca italiana. E, quando lhe perguntámos se a presença de motores eléctricos e de uma bateria para os alimentar iria penalizar os coupés, pelo incremento do peso, foi pronto a tranquilizar-nos: “Vai haver aumento de peso, mas não será muito, que depois compensaremos com mais potência e força, além de um menor consumo e menos ruído em ritmo de passeio, se for esta a vontade do condutor.”

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Mas impunha-se saber como será possível “calçar” pelo menos um motor eléctrico e uma bateria com cerca de 10 kWh dentro de um coupé onde só cabem dois adultos e duas pequenas malas, sob o capot frontal. Questionando não como poderão ser os futuros Huracán e Aventador PHEV, pois um responsável da marca nunca revelaria estes segredos, mas sim qual seria a solução ideal para transformar um coupé deste calibre num PHEV com mais de 1000 cv, o engenheiro ao serviço da Lamborghini revelou que, sem grandes limites orçamentais, “o ideal era instalar dois motores eléctricos à frente, pois assim garantia-se tracção integral e, simultaneamente, podia-se usufruir da vectorização do binário, o que permite jogar com o comportamento do superdesportivo e adaptá-lo ao condutor e às circunstâncias”.

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Faltava sondar hipóteses acerca de duas opções fundamentais, a primeira das quais diz respeito à bateria: onde colocá-la e que capacidade escolher. O nosso interlocutor, sempre falando teoricamente, defendeu a instalação da bateria “atrás, entre os bancos e o motor de combustão”, um pouco à semelhança do que acontece com a Ferrari, apesar da marca rival depois instalar apenas um motor eléctrico atrás, entre o 3.0 V6 biturbo e a caixa de velocidades, no 296 GTB, ao contrário do que acontece no SF90 Stradale, que mantém um motor eléctrico entre o 4.0 V8 biturbo e a caixa, para depois instalar dois motores eléctricos no eixo dianteiro.

A derradeira questão, para satisfazer a nossa curiosidade, dizia respeito à possibilidade de continuar a contar com os actuais motores 5.2 V10 com 640 cv do Huracán e os 770 cv do 6.5 V12 do Aventador, ambos atmosféricos para evidenciar a maior nobreza da mecânica e usufruir do roncar de uma mecânica multicilindros sem ser “sufocada” por turbocompressores instalados no sistema de escape. Aí, o técnico da Lamborghini defendeu que “um fabricante que possua uns V10 e V12 como os nossos deve tentar mantê-los, pois são umas mecânicas espectaculares, capazes de fornecer potência, sonoridade e emoção. E não há nada que os impeça de serem associados a uma mecânica PHEV, caso seja essa a vontade do construtor”.

A boa notícia é que não será necessário esperar muito para assistir à chegada destes PHEV, com o Aventador a estar agendado para 2023 e o Huracán para 2024.