A presidente da Sociedade Portuguesa de Transplantação (SPT) defendeu que é preciso divulgar a importância do transplante de órgãos e apelar à doação em vida, alertando que a falta de recursos humanos na saúde pode condicionar esta atividade.

Na quarta-feira, comemora-se o Dia Nacional da Doação de Órgãos e da Transplantação, data que será assinalada em conjunto pela SPT e pelo Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) com uma reunião sobre “Sustentabilidade da doação e da transplantação“, com representantes de várias organizações que atuam nesta área.

A propósito da questão da sustentabilidade, a presidente da SPT, Cristina Jorge, defende, em comunicado, que para manter a atividade da transplantação é preciso divulgar a importância da colheita e do transplante de órgãos, “apelar e enaltecer o altruísmo da dádiva em vida” e “promover e acarinhar os profissionais envolvidos nesta atividade”.

Por outro lado, a responsável entende que os dadores e as suas famílias devem ser considerados como essenciais para que a transplantação ocorra e possa manter-se e sublinha que sejam dadas as melhores condições de avaliação e seguimento aos candidatos a transplante e aos doentes transplantados.

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Cristina Jorge entende, por isso, que haja a “possibilidade de flexibilização do pedido de exames a estes doentes, para além da unidade hospitalar onde são seguidos, a promoção do seu acompanhamento também por vídeo ou teleconsultas e de proximidade junto da sua área de residência”.

Propõe também que seja considerada a possibilidade da colheita em dadores em paragem cardiocirculatória controlada, “à semelhança do que já acontece noutros países“, dando como exemplo Espanha, sendo esta uma forma de aumentar a capacidade de colheita que se juntaria ao dador em morte cerebral e ao dador em paragem cardiocirculatória não controlada.

Cristina Jorge alerta igualmente que a escassez de recursos humanos na área da saúde pode condicionar os resultados da transplantação em Portugal, apesar de reconhecer que esta atividade está dependente de órgãos disponíveis e que a procura se mantém muito superior à oferta.

Para que ocorra a colheita de órgãos de um potencial dador tem de existir muita organização e profissionais motivados para a transplantação“, refere a Presidente da SPT, alertando que “a escassez de recursos humanos na saúde e em especial na área da colheita e da transplantação também condicionam o resultado desta atividade” e que muitas equipas estão “a trabalhar no limite das suas capacidades”.

Dados do IPST, citados no comunicado da SPT, dão conta que em 2021 a doação e transplantação de órgãos aumentou face a 2020, “após a reorganização da atividade dos hospitais provocada pela pandemia“.

“A doação de órgãos de dador falecido registou um aumento de aproximadamente 19%, com mais 49 dadores, tendo-se verificado ainda um aumento de 12% da atividade da transplantação, com mais 86 órgãos transplantados em 2021”, refere a SPT.

Refere ainda que a pandemia teve impacto na redução do número de transplantes, consequência da suspensão da atividade não urgente nos períodos mais críticos da pandemia e que esta situação provocou um atraso, não só na realização de exames e consultas necessárias ao estudo dos potenciais recetores para transplante, como também na sua inclusão em Lista Ativa.