Duas centenas de projetos, que podem vir a traduzir-se em quase 30 mil empregos. Segundo a edição de 2022 do estudo que a consultora EY publica anualmente sobre a perceção dos investidores em relação a Portugal, no ano passado voltaram a ser batidos recordes.

O estudo EY Attractiveness Survey revela que o número de projetos de Investimento Direto Estrangeiro (IDE) atingiu os 200, o mais elevado de sempre, o que coloca Portugal na oitava posição, a nível europeu, dos destinos mais atrativos para os investidores, o que representa uma subida de dois lugares face à lista do ano anterior. Portugal ficou à frente da Polónia e da Irlanda no top 10.

No total, o país atraiu 3,4% do total de projetos de IDE anunciados para a Europa.  Esses 200 projetos têm potencial para criar 28 mil empregos, detalha a análise, o triplo do registado em 2020. E significam um aumento de 30%face aos 154 projetos anunciados no ano anterior, mais marcado pela incerteza da pandemia.

Citado no estudo, o secretário de Estado da Internacionalização, Bernardo Ivo Cruz, adianta que em 2021, 97 projetos de investimento foram contratados pela AICEP, e que o montante investido bateu o recorde de 2019, por mais do dobro do valor. Os 97 projetos contratados através da agência pública representaram um investimento de 2 678 milhões de euros, que comparam com os 1 172 milhões de 2019. Representaram a criação de 7 233 postos de trabalho e a manutenção de 38 451, o valor mais alto da década.

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Cerca de 75% do IDE tem origem na Europa, com destaque para a Alemanha. Os restantes 25% são provenientes do resto do mundo, com os Estados Unidos a ocuparem uma posição de relevo. cada um destes países anunciou 30 projetos para Portugal. França (14,5%), Reino Unido (12,0%) e Espanha (11,5%) completam o top dos cinco maiores investidores. 

Os inquéritos aos investidores permitiram concluir que, nos próximos meses, 62% planeiam criar ou expandir operações em Portugal. Os setores que mais devem crescer nos próximos anos são a economia digital, as energias limpas e renováveis e a construção e imobiliário.

“As projeções de crescimento são mais favoráveis para Portugal do que para a média da União Europeia para os próximos dois anos”, afirma Miguel Cardoso Pinto, partner da EY, citado no estudo. “A economia digital continua a ser um setor em que os investidores depositam grandes expetativas, assim como os setores das renováveis e real estate”, destaca.

Apesar de verem em Portugal um “porto seguro”, os investidores reconhecem que existe margem para melhorar as condições que Portugal oferece enquanto destino de investimento. Investir em condições para atrair e reter talentos, apostar em setores chave como as renováveis, tirar vantagem da percepção que existe de Portugal enquanto líder no caminho da sustentabilidade, melhorar a comunicação do país e, sobretudo, simplificar o sistema fiscal são pontos “cruciais” para que o país se mantenha relevante no panorama global do investimento, refere o estudo.

Entre as principais ameaças ao investimento no país, a EY refere a ascensão de mercados emergentes, que possam fazer concorrência a Portugal, o envelhecimento da população, que preocupa mais que noutros países, e a incerteza geopolítica e económica na Europa, que pode “contaminar” o potencial de Portugal.