Festa, mesmo festa, dentro daquilo que se pode chamar mesmo festa, só mesmo a possibilidade de voltar ao Estádio do Dragão depois de uma temporada de dobradinha com a conquista do Campeonato e da Taça de Portugal pelo FC Porto. Em tudo o resto, a receção dos azuis e brancos ao Mónaco, terceiro classificado da última Ligue 1 que prepara a participação na terceira pré-eliminatória de acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões, foi apenas mais um jogo de futebol. Particular mas um jogo de futebol, sem direito às habituais apresentações, festas ou mensagens de apresentação para a nova época que começa no dia 30.

Há várias maneiras de analisar esse ponto que não passou de um mero pormenor no regresso dos adeptos ao recinto portista. Por um lado, a vontade de fazer deste um verdadeiro teste para a Supertaça frente ao Tondela, no próximo sábado – que além de poder conferir mais um título aos dragões, fechando da melhor forma o ciclo de 2020/21, pode colocar Sérgio Conceição como treinador com mais títulos do clube. Por outro, a equipa não sofreu praticamente alterações em relação à última temporada a nível de entradas, com as contratações de David Carmo e Gabriel Veron, o regresso de Rodrigo Conceição e as promoções de Gonçalo Borges ou Loader. Qualquer que fosse a razão, houve bem mais festa no último jogo no Dragão (vitória ante o Estoril nos festejos do Campeonato) do que agora. Mas nem por isso havia menos objetivos.

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Até ao momento, os azuis e brancos levavam sete vitórias noutros tantos encontros. 3-0 com o FC Porto B, 3-0 com o Bristol, 2-0 com o Vilafranquense, 1-0 com o Portimonense, 2-1 com o V. Guimarães, 5-1 com o Arouca e 2-1 com o Gil Vicente. Tudo à porta fechada, entre Olival e estágio no Algarve, dois realizados no mesmo dia (um de manhã com os arouquenses, outro à tarde com os minhotos), a informação para fora dos resultados e a imagem dos golos marcados. Agora, e pela primeira vez, existia a possibilidade de ver a nova equipa em ação. Uma nova equipa que, na verdade, mais não era do que a continuidade da última, com a dúvida sobre o posicionamento de Bruno Costa no contexto tático e estratégico testado pelo treinador.

Otávio, que vai falhar a Supertaça por castigo, começou no banco tal como David Carmo, que está de fora nos dois primeiros jogos oficiais. Com isso, Sérgio Conceição experimentou uma versão mais próxima do 4x3x3 mas com grande dinâmica tática que fixava Uribe a ‘6’, colocava à sua frente Eustáquio e Bruno Costa e tinha na frente Taremi mais ao meio com Evanilson a cair na direita e Pepê na esquerda (mas com grande mobilidade entre o trio). Sem bola, a equipa mostrou capacidade para pressionar alto entre alguns erros invulgares no plano defensivo; em posse, apesar de algumas oportunidades, sentiu-se e muito a falta de Vitinha ao meio para “pensar” o jogo. Depois, perto dos 60′, entrou Otávio. Tudo mudou. Se aquilo que mais se destaca desta apresentação é aquela atitude de quem parece jogar a decisão da época sendo uma partida particular, o internacional mostrou que é cada vez mais fulcral na equipa portista.

Ainda antes da entrada em campo para o início do jogo, e enquanto existia um desfile de antigos jogadores e campeões no Porto Canal entre Maniche, Domingos, Ricardo Silva, Rúbens Júnior, Secretário e Rui Barros (com perguntas sobre jogos anteriores com o Mónaco tendo sempre como referência a conquista da Liga dos Campeões em Gelsenkirchen diante dos monegascos em 2004), até o aquecimento remetia para um qualquer encontro oficial. Rostos concentrados, nada de relaxamentos, muita bola parada ofensiva e defensiva trabalhada. Diogo Costa; João Mário, Pepe, Marcano, Zaidu; Bruno Costa, Uribe, Eustáquio, Pepê; Taremi e Evanilson faziam parte do onze inicial, numa equipa que, em relação à base do ano passado, não tinha Mbemba, Vitinha e Otávio e “promovia” Marcano, Eustáquio e Bruno Costa.

O encontro começou com um FC Porto a querer agarrar nas incidências com linhas mais avançadas na tentativa de não permitir a saída do Mónaco a partir da fase de construção e a ter um primeiro remate com perigo de Eustáquio, assistido por Taremi, que Nubel travou com dificuldade (5′). Fruto de uma “anormal” desatenção defensiva, com vários jogadores a não conseguirem tirar a bola da zona de perigo na área, Diogo Costa evitou com uma grande defesa o golo de Minamino (6′) mas continuavam a ser os azuis e brancos a controlar a partida, tendo outra oportunidade flagrante para inaugurarem o marcador após uma segunda bola ganha por Pepe para defesa de Nubel antes da recarga de Evanilson que acertou no poste (14′).

Depois, e até ao intervalo, os rumos dos acontecimentos foram mudando, com o Mónaco a ter uma maior capacidade de posse saindo a partir de trás e, em paralelo, conseguindo alguns roubos de bola à saída do primeiro terço dos azuis e brancos. Diogo Costa, opondo-se neste caso com a cabeça a um remate na área de Ben Yedder isolado após cruzamento de Kevin Volland (24′), voltou a ser preponderante para os dragões, que sentiam dificuldade em construir como é habitual na sua matriz de jogo e criavam perigo junto da baliza dos monegascos em transições rápidas como uma que deu a oportunidade de Pepê visar a baliza de Nubel após passe de Taremi (38′). O intervalo chegava com um jogo mexido mas sem golos.

Sem alterações de Sérgio Conceição, o segundo tempo manteve as características com que se tinha chegado ao descanso entre boas aproximações do Mónaco sem remate final e um golo anulado a Evanilson que seria um dos maiores erros da carreira de Nubel, a desviar com o pé para a própria baliza um remate feito quase em cima da linha de fundo (49′). Também por uma questão de intensidade e atitude, a equipa azul e branca ia ganhando superioridade em relação aos visitantes e melhor ficou quando o técnico dos campeões nacionais foi pela primeira vez ao banco, lançando na partida Grujic e Otávio nos lugares de Eustáquio e Bruno Costa. O efeito, esse, foi quase instantâneo. E por pouco não resultou mesmo em golo.

Na primeira vez que o internacional português tocou na bola, Zaidu foi lançado na esquerda, avançou na área e atirou para grande intervenção de Nubel (60′). Estava dado o mote para a viragem completa na partida, que teve início numa jogada em que também participou antes de Taremi ser derrubado na área e converter a grande penalidade (65′). A vantagem estabilizou a equipa, as substituições deram-lhe o gás que já começava a faltar no plano ofensivo e o resultado ficou perto de se avolumar ainda mais: Uribe fez uma grande assistência picada pelo corredor central para Galeno desviar de cabeça para o 2-0 (70′), Otávio acertou no poste após jogada individual (73′), Nubel tirou o bis a Galeno num remate cruzado (76′) e David Carmo entrou marcando logo no minuto seguinte mas o lance acabou anulado por mão na bola (82′). Gabriel Veron, que foi apresentado na véspera, teve também a oportunidade de entrar na parte final, onde Ben Yedder reduziu em cima do minuto 90 numa grande penalidade por mão na bola de Wendell.