O último teste da pré-temporada do Sporting, cerca de uma semana antes da primeira jornada da Primeira Liga na Pedreira e contra o Sp. Braga, tinha como adversário um Wolverhampton que trazia muitas caras conhecidas e um oponente de Premier League que pretendia pôr à prova aquilo que a equipa de Rúben Amorim pretende fazer esta época.

Depois da derrota em Alvalade perante o Sevilha, num Troféu Cinco Violinos que só ficou decidido nas grandes penalidades após um empate no tempo regulamentar, os leões cruzavam-se com a equipa inglesa no Algarve numa fase em que estão ainda a fechar dossiês e a enfrentar problemas inesperados. Entre a possibilidade de saída de Bruno Tabata para o Palmeiras de Abel Ferreira, num passo expectável do avançado brasileiro após perder espaço para Trincão e Rochinha, o Sporting não podia contar com Manuel Ugarte, que está a recuperar de uma lombalgia, nem com Adán, que sofreu uma lesão no joelho e deve mesmo falhar as primeiras jornadas do Campeonato.

Pote, o artista que desce para a sua equipa subir (a crónica do Sporting-Sevilha)

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Assim, e na sequência de uma semana em que a sombra de Cristiano Ronaldo continuou a pairar por Alvalade, Rúben Amorim lançava Franco Israel na baliza e Morita no meio-campo, dois reforços que rendiam os dois ausentes por lesão. Inácio, Coates e Matheus Reis formavam o trio de centrais, Porro e Nuno Santos eram os alas, Matheus fazia companhia ao japonês e Trincão e Pote apoiavam Paulinho.

Do outro lado, Bruno Lage também não tinha Raúl Jiménez, Chiquinho, Nélson Semedo e ainda Adama Traoré, todos lesionados, naquele que era o reencontro de João Moutinho e Daniel Podence, ambos titulares, com o clube onde realizaram a formação e onde deram os primeiros passos enquanto jogadores profissionais. No onze do Wolves surgiam ainda José Sá, Rúben Neves e Pedro Neto, sendo que Toti Gomes era suplente.

A primeira parte trouxe muitas dificuldades para o Sporting, com o Wolverhampton a impor uma superioridade clara essencialmente na metade inicial dos 45 minutos. Dendoncker teve o primeiro lance mais perigoso, com um remate que obrigou Franco Israel a uma defesa apertada (12′), e os ingleses acabaram mesmo por chegar à vantagem à passagem do quarto de hora. Gonçalo Inácio fez falta sobre Pedro Neto no interior da grande área e, na conversão do penálti, Rúben Neves não falhou (15′). O avançado português ficou perto de marcar logo depois, num lance em que deixou Porro para trás e valeu aos leões o trabalho defensivo de Morita (24′), e o Wolves ia assentando na exibição positiva de Podence uma dinâmica ofensiva que começava logo na linha do meio-campo.

O Sporting procurou começar a reagir a partir da meia-hora, subindo as linhas e encontrando algum espaço na profundidade, mas o facto de os ingleses se apresentarem com os setores muito elevados deixava um meio-campo muito curto para os leões explorarem. Trincão estava algo desaparecido, sem oportunidades para desequilibrar, e Paulinho não era alimentado de forma suficiente e consistente para criar ocasiões de golo. À beira do intervalo, porém, a equipa leonina conseguiu chegar ao empate também de grande penalidade: Collins fez falta sobre Paulinho e, na conversão, Pote não falhou (44′). No fim da primeira parte, e longe de estar a realizar uma exibição consistente, o Sporting estava empatado com o Wolverhampton.

A segunda parte começou sem alterações e algo quezilenta, com o árbitro da partida a mostrar cinco cartões amarelos logo nos primeiros minutos. O jogo mostrou-se mais equilibrado no segundo tempo, com o Sporting a não permitir ao Wolves a superioridade que os ingleses tiveram principalmente nos 20 minutos iniciais, mas a equipa de Rúben Amorim continuava a ter algumas dificuldades na hora do último passe. Trincão estava francamente desinspirado, sendo quase sempre derrotado por Aït-Nouri nos duelos, e Podence continuava a ser o grande destaque ofensivo do conjunto de Bruno Lage.

Nesta fase, Pote teve uma boa oportunidade para marcar, com um remate que José Sá defendeu (56′), e Podence isolou Pedro Neto na esquerda logo depois mas o internacional português colocou um passe nas mãos de Franco Israel (56′) — o jogo, porém, permanecia empatado. Lage foi o primeiro a mexer, trocando Neto por Hwang, e Amorim respondeu com Marcus Edwards, que substituiu Paulinho e levou o Sporting para um 3x4x3 com maior mobilidade na frente. Trincão ainda teve uma grande ocasião para marcar, com um remate em jeito que passou ao lado da baliza de Sá (73′), Matheus Reis evitou o golo de Hwang em cima da linha (84′) mas nenhuma das equipas conseguiu desatar a igualdade.

O Sporting termina assim a pré-temporada com um saldo de seis vitórias (Sporting B, Vilafranquense, Estoril, Belenenses SAD, Roma e Portimonense), quatro empates (Casa Pia, Saint-Gilloise, Villarreal e Wolverhampton) e uma derrota (Sevilha), ainda que não tenha perdido nenhum jogo no tempo regulamentar, já que o desaire com os espanhóis surgiu apenas nas grandes penalidades. Pote, que foi o melhor marcador dos leões na pré-época com seis golos, foi novamente o melhor elemento leonino em campo e continua a acelerar para uma temporada onde vai querer distanciar-se do apagão do ano passado e aproximar-se da explosão do ano do título.