A Representação Permanente de Portugal na União Europeia escolheu o mais recente título de Pedro Chagas Freitas, “A Raridade das Coisas Banais”, para a iniciativa “Leitores da Europa”, de promoção da leitura, que envolve as diferentes delegações em Bruxelas.

Lançada em 2020, no contexto da pandemia, durante a presidência croata, a iniciativa “Leitores da Europa” prevê uma recomendação de leitura, em tempo de verão, de uma obra e de um autor de cada Estado-membro, pela respetiva Representação Permanente (Reper).

No texto de apresentação da obra portuguesa, apresentado pela Reper, pode ler-se: “Muito ao jeito de Antoine de Saint-Exupéry, [em] ‘O Principezinho’, Freitas propõe ao leitor que se desloque para águas mais profundas, e pense sobre a infância e a morte, sobre o que significa ser um adulto e sobre o amor”.

Nas duas edições anteriores, a Representação Permanente de Portugal na União Europeia sugeriu, em 2020, “Novas Cartas Portuguesas”, das escritoras Maria Isabel Barreno, Maria Velho da Costa e Maria Teresa Horta, obra de denúncia da guerra colonial, das condições de emigração e da ditadura, publicada em 1972, que marcou a oposição ao regime e a luta das mulheres, a nível nacional e internacional, e “Leva-me Contigo”, de Afonso Reis Cabral, crónica de um percurso a pé do autor, pela Estrada Nacional n.º 2.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Entre as escolhas deste ano de outras representações permanentes, encontram-se premiados com o Prémio de Literatura da União Europeia, como no caso de Espanha e da Roménia, obras que abordam condições de refugiados e migrantes (Alemanha, Eslovénia), a probabilidade da condição de sem abrigo, no mundo contemporâneo (Dinamarca), os traumas da história europeia do século XX (Áustria, Hungria) e o impacto do populismo nas instituições e na sociedade civil (Itália).

A Roménia sugere “The Ages of the Game — Citadel Street”, de Claudiu M. Florian, uma reflexão da história romena do século XX, enquanto Espanha escolheu “Canto yo y la montaña baila”, da escritora e artista Irene Sola, autora catalã, vencedora igualmente dos prémios Anagrama e Documenta, entre outras distinções.

Da Eslovénia, a sugestão é um livro de contos de Selma Skenderovic, “Porque estás calado, Hava?” (“Zakaj molcis, Hava?”, no original), com histórias de migrantes, tema que domina igualmente a escolha alemã, “Auf der Straße heißen wir anders” (“Na rua chamam-nos outros nomes”), de Laura Cwiertnia.

Áustria propõe uma abordagem dos traumas da História, através de “Engel des Vergessens” (“Anjo do esquecimento”, em tradução livre), de Maja Haderlap; a Hungria, “The Bone Fire”, de György Dragomán, uma abordagem da era pós-soviética e do sentido da liberdade; e, a Holanda, o romance de estreia de Simone Atangana Bekono, “Confrontation”, uma história centrada num centro de detenção juvenil.

A Lituânia escolheu a poesia de Ausra Kaziliunaite, com o livro “The Moon is a Pill”, editado em inglês, enquanto a Letónia optou por “O apelo do calendário” (“Kalendars mani sauc”, no original), de Andris Kalnozols, uma abordagem de guerras, de pandemias, da fome e da injustiça, como se lê na apresentação deste livro.

O “poder da mulher” marca a escolha da Croácia, “Gitara od palisandra” (“A guitarra de pau-rosa”), de Kristina Gavran, e, o amor, a opção da Irlanda: “Love Notes from a German Building Site”, de Adrian Duncan.

A facilidade de acesso à pobreza, no mundo atual, assim como a probabilidade da condição de sem abrigo dominam a obra escolhida pela Dinamarca, “You probably should have been there”, de Thomas Korsgaard.

Itália, a viver nova crise governativa, propõe “The impact of populism on European institutions and civil society: discourses, practices, and policies”, uma coletânea de ensaios organizada por Carlo Ruzza, Carlo Berti e Paolo Cossarini.

As diferentes sugestões podem ser consultadas em https://www.consilium.europa.eu/en/documents-publications/library/library-blog/reading-suggestion/.