“Olivia Newton-John (73) morreu pacificamente no seu rancho no sul da Califórnia esta manhã, cercada por familiares e amigos”. O post nas redes sociais da estrela de ‘Grease’ foi escrito pelo marido. É a nota do final de uma longa batalha que a atriz e cantora vinha a travar contra o cancro da mama. A quatro vezes vencedora dos Grammy morreu na manhã desta segunda-feira, depois de 30 anos em que partilhou com os fãs e de forma pública a sua doença, tornando-se uma embaixadora da luta contra este tipo de cancro.
“A Olivia tem sido um símbolo de triunfos e esperança por mais de 30 anos, partilhando o seu dia a dia com cancro da mama. A sua inspiração para a cura e experiências pioneiras com plantas medicinais continua com a Olivia Newton-John Foundation Fund, dedicada à pesquisa de plantas medicinais e ao cancro”, escreve ainda o seu marido.
Daí que acabe com um pedido: “Em vez de flores, a família pede que qualquer doação seja feita em sua memória para a Olivia Newton-John Foundation Fund (ONJFoundationFund.org)”.
Neta de um Nobel, filha de um agente do Mi5 e com um marido que forjou a morte
‘Grease’, de 1978, catapultou Olivia Newton-John, no papel de Sandy, para a fama, ao contracenar ao lado de John Travolta, Danny. O filme, uma comédia musical romântica baseada num musical com o mesmo nome de 1971, foi escrito por Bronte Woodard e dirigido por Randal Kleiser na sua estreia no cinema, e deixa uma das cenas mais icónicas do cinema quando o casal, líderes de grupos rivais, se apaixona e cantam ambos aos amigos a relação em “You’re The One That I Want’.
Não seria o único musical onde fez sucesso: Xanadu, de 1980, também a teve como protagonista, desta vez ao lado do veterano Gene Kelly.
Como cantora, são dela os êxitos inesquecíveis Physical, A Little More Love, Magic e Xanadu, as duas últimas partes da banda sonora precisamente de Xanadu.
Olivia Newton-John nasceu em Cambridge, no Reino Unido, mas tem ascendência alemã e estava naturalizada australiana. É filha de Brinley (“Bryn”) Newton-John e Irene Born e a mais nova de três irmãos, Hugh, um médico, e Rona, também atriz. A mãe era filha de Max Born, o físico alemão que venceu um prémio Nobel, mas teve de fugir da Alemanha nazi. Já o seu pai pertenceu ao MI5, e trabalhou no projeto secreto Enigma, em Bletchley Park (antigas instalações militar secretas na Inglaterra). Mais tarde, a família mudou-se para Melbourne, na Austrália, onde o pai passou a dar aulas na Universidade.
Olivia tem apenas uma filha, do primeiro casamento com o ator e dançarino norte-americano Matt Lattanzi: Chloe Rose Newton-John Lattanzi. A sua segunda relação estável foi muito mais conturbada: viveu entre 1994 e 2005 com o cinegrafista Patrick McDermott, de origem sul-coreana, quando ele desapareceu depois de entrar num navio (de onde nunca mais voltou). Houve buscas durante três anos, após as quais foi declarada a sua morte, em 2008. Mas em 2016, as autoridades descobriram que forjara a sua própria morte e foi detido no México, após ser visto por várias vezes no mesmo bar de uma pequena terreola: teria várias dívidas e queria escapar à falência.
A atriz reagiu muito mal a este acontecimento que marcaria a sua sua vida. Desde 2008 que estava casada e vivia num rancho com o empresário norte-americano John Easterling.
Uma luta que foi também uma inspiração contra o cancro da mama
O ano de 1992 trouxe uma retrospetiva da carreira, com o álbum “Back To Basics, The Essential Collection”, mas também as más notícias. Em julho, pouco dias depois de perder o pai para a mesma doença, Olivia ficava a saber que sofria de cancro, sendo o o início de um longo processo que implicou quimioterapia, mastectomia e reconstrução mamária.
O cancro da mama, que chegou ao estádio 4, e estava controlado desde 2013, regressou em força em 2017. O aniversário, celebrado em setembro de 2018, foi passado no hospital, mais concretamente no Olivia Newton-John Cancer Wellness and Research Centre, o centro de bem-estar e pesquisa que a cantora ajudou a erguer em Melbourne, Austrália.
Durante décadas o seu percurso foi marcado pelo seu envolvimento nesta causa, entre a angariação de fundos para a pesquisa da doença e a promoção de um kit de auto-exame que pode fazer a diferença na deteção atempada do tumor. Segundo o The Guardian, uma das suas iniciativas mais emblemáticas foi leiloar algumas roupas pessoais, incluindo as que usou no filme Grease. Depois de vários rumores de que a cantora não teria resistido à doença, Olivia viu-se mesmo forçada a responder aos fãs através de um vídeo partilhado nas suas redes sociais com o objetivo de desmentir a sua própria morte. “Os rumores da minha morte foram muito exagerados”, disse.
Em 2019, ao programa de televisão “60 Minutes Austrália”, a atriz falou da sua luta com esperança. “Para mim, psicologicamente, é melhor não ter ideia do que me espera, mas acredito e sonho que veremos o fim do cancro na minha vida.”
As reações emocionadas de Johyn Travolta a Nuno Markl
“Minha querida Olivia, tornaste a vida de todos nós muito melhor. O teu impacto foi incrível. Amo-te muito. Vemo-nos no fim da estrada e voltaremos a estar outra vez juntos. Teu desde o primeiro momento em que te vi e para sempre! Do teu Danny, do teu Johyn!”. O ator John Travolta foi dos primeiros a reagir à morte de Olivia Newton-John, com este post emocionado no Instagram onde se vê a atriz ainda muito nova.
Também o ator norte-americano George Takei, da série “Star Trek”, prestou homenagem a Olivia num post publicado no Twitter. “Perdemos uma grande e icónica artista. Saiba que estaremos sempre irremediavelmente dedicados a si. Descanse em música e alegria.”
We have lost a great, iconic artist in Olivia Newton John, gone too soon from us at age 73. I trust she is now in the great Xanadu beyond. Know that we are forever hopelessly devoted to you, Olivia. Rest in song and mirth.
— George Takei (@GeorgeTakei) August 8, 2022
O realizador James Gunn recordou a atriz como a sua primeira paixão. “Muito triste ao saber da morte de Olivia Newton-John. Minha primeira paixão de verdade quando criança. Que ela descanse em paz.”
Really sad to hear about the passing of Olivia Newton-John. My first real crush as a kid. I loved Grease & her music & I coincidentally also bought & lived in for a while the wonderful home she built in Malibu. May she Rest In Peace. ❤️ https://t.co/gP10SJWqFZ
— James Gunn (@JamesGunn) August 8, 2022
O ator Daniel Dae Kim, sobretudo conhecido pela série “Lost”, confessou no Twitter que Olivia foi igualmente a sua primeira paixão, apelidando-a mesmo de “lenda”.
Farewell with love to the legend who will forever be my first crush. Rest In Peace, Olivia Newton-John. ???????????????????? https://t.co/IDdhwtoiDX
— Daniel Dae Kim (@danieldaekim) August 8, 2022
Já a atriz Lea Salonga, que atualmente integra a nova temporada da série “Pretty Little Liars” na Netflix, recordou a voz de Olivia. “Era uma das vozes da minha infância. As mais profundas condolências a todos que ela amava e a amavam.”
Rest In Peace, Olivia Newton-John. Hers was one of the voices of my childhood. Deepest condolences to everyone she loved and loved her.
— Lea Salonga (@MsLeaSalonga) August 8, 2022
A atriz Marlee Matlin publicou uma fotografia antiga para recordar o seu primeiro encontro com Olivia Newton-John em Hollywood e o filme que fizeram juntas em 1996. “Ela era a luz mais doce e brilhante e eu adorei conhecê-la em ‘It’s My Party’.”
I am SO saddened at the news of the passing of Olivia Newton John. I remember being so star struck when I met her at my first Hollywood gathering for Paramount. She was the sweetest and brightest light and I loved getting to know her on "It's My Party." RIP dear, sweet Olivia. pic.twitter.com/4FFgolVQNk
— Marlee Matlin (@MarleeMatlin) August 8, 2022
Por cá, o humorista Nuno Markl não demorou a reagir à morte da atriz. “Andam a desaparecer-nos ícones demais. Hoje foi a minha primeira paixão do grande ecrã – bastou vê-la e ouvi-la em grande na tela do Tivoli, em 78, quando vi Grease”, começou por contar num post publicado no Instagram, onde recordou outros sucessos na música e no cinema de Olivia. “Lutou com uma tremenda valentia contra um cancro intermitente, durante 26 anos. Era uma Cinderela e era rock n rol”, concluiu.