O primeiro passo para um fim anunciado: pela primeira vez, Serena Williams anunciou uma data para o possível, provável e expectável final da longa carreira em que conquistou 23 Grand Slams. Numa entrevista à revista Vogue, a tenista norte-americana confirmou que deve deixar os courts após o US Open, que começa ainda neste mês de agosto.

Na entrevista, que será o assunto da próxima capa da Vogue, Serena Williams explica que nunca quis usar a palavra “reforma” e que olha para o próximo capítulo da própria vida como uma “evolução”. “Nunca gostei da palavra, não me parece uma palavra moderna. Tenho pensado nisto como uma transição. Talvez a melhor palavra para descrever aquilo que vai acontecer seja evolução. Vou evoluir para lá do ténis e em direção a outras coisas que também são importantes para mim”, disse a tenista de 40 anos, que não deixou de reconhecer que não tem sido fácil encarar a decisão, revelando também que quer voltar a ser mãe.

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“Tenho estado relutante na hora de admitir para mim ou para os outros que tenho de seguir em frente. Mal falei sobre isto com o meu marido, é como se fosse um assunto tabu. Nem consigo ter esta conversa com os meus pais, parece que não é real até que o diga em voz alta. O assunto aparece, fico com um nó desconfortável na garganta e começo a chorar. A única pessoa com quem falei a sério sobre isto foi com a minha terapeuta! Mas, se há algo que não vou fazer, é dourar a pílula. Sei que muita gente fica entusiasmada e ansiosa pela retirada e gostava muito de me sentir assim”, acrescentou Serena Williams, que em junho foi eliminada na primeira ronda de Wimbledon depois de ter estado quase um ano sem jogar.

A reveladora entrevista da atleta, curiosamente, surge na semana em que conquistou a primeira vitória do ano — e também a primeira vitória desde a primeira de 2021, em Roland Garros, já que se lesionou pouco tempo depois em Wimbledon. No Open do Canadá, em Toronto, Williams derrotou a espanhola Nuria Párrizas-Díaz e deixou desde logo a ideia de que o final da carreira poderia mesmo estar próximo.

“Se alguma vez me despedir, não digo a ninguém”. Serena e o fim cada vez mais próximo de um ciclo que se tornará um legado

“Motivação? É uma espécie de luz ao fundo do túnel. Não sei. Estou a chegar mais perto dessa luz. Ultimamente, tem sido essa a motivação. Mal posso esperar por chegar a essa luz. Essa luz representa liberdade. Adoro jogar, é fantástico. Mas não posso fazer isto para sempre. Por isso, às vezes, só quero dar o meu melhor para aproveitar todos os momentos e fazer o melhor que consigo”, disse Serena Williams no torneio canadiano.

Aos 40 anos, a norte-americana prepara-se então para deixar os courts 23 anos depois de ter conquistado o primeiro Grand Slam, precisamente o US Open, em 1999. De lá para cá, somou 23 vitórias nos quatro majors, ficando apenas atrás do recorde absoluto de Margaret Court, que ganhou 24.