O Paredes de Coura, o mais antigo festival de música de Portugal em edições consecutivas, regressa na próxima terça-feira, e são esperadas 115 mil pessoas durante os cinco dias de duração com os seus 71 concertos.

A estimativa é 23 mil pessoas por dia. Não queremos vender nem mais um bilhete, porque não queremos que as pessoas percam a comodidade e isso está praticamente garantido. Portanto é fazer as contas – 23 mil vezes cinco dias – e são essas as pessoas que vamos ter no festival”, avançou hoje à agência Lusa o diretor do evento, João Carvalho, e um dos seus fundadores, numa entrevista telefónica.

Depois de ter sido obrigado a parar devido à pandemia, o Paredes de Coura, na 28.ª edição, abre na próxima terça-feira, 16 de agosto, com a atuação dos Lemon Lovers, às 14h00, que abrem o palco principal junto ao anfiteatro natural.

O primeiro dia está recheado de bandas nacionais, precisamente por ser dedicado à música portuguesa e, pelas 14h30, segue-se Ocenpsiea, no palco Vodafone FM (palco secundário), antes dos Club Makumba (15h00), o mais recente projeto de Tó Trips e João Doce.

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Noiserv (15h30), Pluto (16h00), Paraguaii (16h30), Benjamim (17h00), Rapazego (17h30), The Twist Connection (18h00), You Can’t Win Charlie Brown (18h30), Samuel Úria (19h00), Linda Martíni (20h30), 10 000 Russos (21h15), Mão Morta (22h00), Bruno Pernadas (22h45) e Sam The Kid com Orquestra e Orelha Negra (22h30) são as outras bandas previstas no alinhamento do primeiro dia daquele que é conhecido pelo “festival do abraço” e da “ternura”, como descreve João Carvalho.

Depois da atuação do Conjunto Corona (00h30), a música no primeiro dia continua a soar pela noite dentro com Moulinex (01h15) e o Conjunto Cuca Monga (02h30).

No segundo dia do Paredes de Coura, 17 de agosto, o festival de música que já foi considerado um dos cinco melhores da Europa pela revista Rolling Stone, vai aquecer durante a tarde com o Jazz na Relva, a partir das 15h00 com Caio e com o Homem em Catarse (16h00).

A abrir o palco secundário vai estar Gator, The Alligator (18h00) e, ao longo do dia, seguem-se Mema. (18h30), Porridgeradio (19h15), Alex G (19h45), Indigo de Sousa (20h45), a banda irlandesa The Murder Capital (22h20) e o agrupamento britânico Idles (23h15).

A dupla norte-americana Beach House, formada em 2004 em Baltimore, regressa ao Coura com o novo álbum “Once Twice Melody”, e sobe ao palco à 01h00 como cabeça de cartaz. A dupla constituída pela francesa Victoria Legrand e o americano Alex Scally produziu na totalidade este novo álbum, em que alguns temas são acompanhados por um conjunto de cordas ao vivo, com arranjos de David Campbell.

A segunda noite termina com Viagra Boys (02h15) e Haai (03h30).

No terceiro dia do festival, 18 de agosto, depois do Jazz na Relva ao longo da tarde, fazem parte do alinhamento musical os Surprise Chief (18h00), o trio The Comet is Coming (19h45), Parquet Courts (21h25), L’Éclair (22h10) e Turnstile (23h15).

O grupo de dança alternativo francês L’Impératrice atua às 00h45, mas a terceira noite do Coura só encerra no palco principal com a atuação de Nu Genea Live Band (01h45) e John Talabot (03h15).

Na penúltima jornada do Coura 2022, dia 19, o duo norte-americano de música eletrónica Boy Harsher sobe ao palco às 20h50. Pelas 21h45, seguem-se os canadianos Bad Bad Not Good, com temas que deambulam entre o “soul-jazz de 1970, o hip-hop alternativo e a eletrónica experimental“, como se lê na página oficial do festival.

Às 22h30, atua a banda Arp Frique & Family que promete aquecer a noite com a exploração de sons “afro beat, funk e soul” e, pela noite dentro, atuam também o multi-instrumentalista, cantor, compositor e produtor Ty Segall & Freedmom Band (23h15), e os cabeça de cartaz The Blaze, (01h25). Para o After Hours de 19 de agosto são convidados os Ata Kak (02h25) e Mal Grab (03h30).

Manel Cruz abre às 18h00 o palco secundário no último dia do festival, 20 de agosto, e no alinhamento está prevista a atuação de Far Caspian (18h30), Xenia Rubinos (19h05), La Femme (19h40), Perfume Genius (20h35), Princess Nokia (21h20), Yves Tumor & Its Band (22h00) e Slow Thai (22h50).

Os Pixies, banda de rock alternativo natural de Boston (EUA), regressam ao festival Paredes de Coura e atuam pelas 00h20 para apresentar o seu mais recente álbum “Beneath the Eyrie”, lançado em setembro de 2019.

A 28.ª edição do Paredes de Coura encerra com Tommy Cash (02h05) e Nuno Lopes (03h05), no After Hours.

O Festival Paredes de Coura, com 29 anos de existência, tem revelado, ao longo do seu percuro, novas promessas musicais, mas também tem apresentado alguns nomes consagrados da música a nível mundial, como os Arcade Fire, Pixies, PJ Harvey, Nick Cave, Coldplay e Morrissey.

Festival Paredes de Coura 2022 vai ser o “mais bonito de sempre”

O 28.º Festival Vodafone Paredes de Coura vai ser a edição “mais bonita de sempre” com mais um dia de cartaz, sem aumentar o preço do bilhete, conta a organização.

Vai com toda a certeza ser uma edição memorável. Estamos no terreno há cerca de um mês e duas semanas. Empenhadíssimos. É a edição mais bonita de sempre. Disso não tenho dúvidas rigorosamente nenhumas. Estamos a ser ainda mais precisos no pormenor. Ainda mais piegas nos pequenos apontamentos”, disse à agência Lusa o diretor do Festival Paredes de Coura, João Carvalho, e um dos fundadores do evento que arranca na próxima terça-feira, dia 16 de agosto.
Em entrevista à Lusa sobre as expectativas da organização para um festival que esteve dois anos à espera de poder realizar-se, por causa das restrições da pandemia da Covid-19, João Carvalho afirma que são “muito boas” e uma prova disso é que organização lançou a venda dos últimos passes gerais.

“Estão praticamente a esgotar, assim como os bilhetes diários para o dia 17 e 20 de agosto”, revelou.

O festival arranca no dia 16, e são cinco dias de festival. Cinco dias de palco principal.

Acrescentámos um dia dedicado à música portuguesa. Um dia extra, precisamente, porque somos sensíveis a tudo o que se passou durante estes dois anos [de pandemia e confinamentos]. Foram muitas bandas que não tocaram, muitos técnicos que não trabalharam. Mesmo nós, passando pelo mesmo e estando privados de trabalhar durante dois anos, com poucos subsídios – poucos ou nenhuns, porque infelizmente não se tem olhado com grande carinho para a cultura. Resolvemos [por isso], à boa maneira do Festival de Paredes de Coura, injetar mais um bocadinho de ternura e aumentar ainda mais o orçamento, e fazer este dia extra sem aumentar o preço do bilhete”, explicou João Carvalho.

Este ano, o campismo vai apresentar-se melhorado, maior e com mais casas de banho ligadas à rede pública, e as zonas de descanso e de alimentação também foram “melhoradas”, referiu João Carvalho, considerando que este é o festival onde as pessoas se reencontram e “mais gostam de ouvir música em Portugal, em permanente contacto com a natureza”.

Questionado sobre qual a chave do sucesso dum festival no interior Norte de Portugal, onde tudo é mais difícil de acontecer, João Carvalho refere que fazer o Paredes de Coura no meio do interior do Alto Minho é um “milagre”.

Fazer este festival no meio do interior e ter o impacto que ele tem na forma como se ouve música em Portugal, ser o festival que mais bandas trouxe pela primeira vez a Portugal, estando no interior do Alto Minho é realmente um milagre, (…) porque é tudo muito mais caro, porque não há habitação, porque não temos mais nenhum festival nas mesmas datas na Europa. Portanto programá-lo é uma coisa complicada, montá-lo, mais complicado ainda. É mais caro que qualquer outro festival, ainda por cima, num terreno íngreme”.

Para João Carvalho, a história de sucesso absoluto desde 2011 do Paredes de Coura relaciona-se também com a “ternura” e o “carinho” pelos visitantes e a “transparência”.

Tem sido o cuidar do pormenor, o cuidar das pessoas. As pessoas a repararem que todos os anos fazemos mais alguma coisa pela sua comodidade”. E claro que essa transparência também é importante, porque houve anos em que, “não conseguindo grandes cabeças de cartaz, fomos honestos com o nosso público”.

“Este é provavelmente o festival do país de que as pessoas mais conhecem a história. Normalmente há uma tendência para esconder os insucessos e só falar dos sucessos. Eu falo dos insucessos, das edições em que choveu imenso, das edições que deram prejuízo, das edições que nos levaram a acabar com o festival e hoje isto é um milagre”, acrescentou o diretor.

João Carvalho classificou como “incrível” o cartaz deste ano, considerando que é o cartaz “mais equilibrado de toda a história do festival”.

O diretor do evento destacou, por exemplo, The Blaze, por serem “uma referência da música eletrónica atual”, os Porridge Radio, cujo último álbum, Every Bad, foi indicado como um dos 12 álbuns de 2020 do Hyundai Mercury Prize, Arlo Parks, “que é uma das grandes artistas da atualidade, os L’Impératrice, por serem uma banda que funciona muito bem ao vivo, ou a banda Turnstile, uma das bandas do momento e capa de tudo o que é revista de música”.

É o cartaz [que], provavelmente, mais me chama à frente de palco”, confessa.