A Lamborghini, tal como a Porsche, é das marcas mais lucrativas do Grupo VW. Tudo porque os seus modelos mais vendidos, o Urus de um lado e o Macan e o Cayenne do outro, são herdados (e pagos) pela Audi e Volkswagen, tanto ao nível dos chassis como das mecânicas. Mas ao contrário da Porsche, cujos motores próprios mais exuberantes são os que têm somente seis cilindros opostos (os V8 são de base Audi), a Lamborghini produz uns impressionantes 5.2 V10 e 6.5 V12 (atmosféricos, para salientar toda a sua nobreza e sofisticação), que os clientes gostariam de poder continuar a comprar e a casa italiana a vender, mas sob certas condições.

Isto fez o construtor transalpino vir a público anunciar que, também a Lamborghini, juntamente com uma empresa de energia, está a desenvolver gasolina sintética, produzida misturando carbono capturado da atmosfera e juntando-o a hidrogénio produzido com energia verde (eólica ou fotovoltaica). A Porsche está igualmente a apostar nos combustíveis sintéticos, mas para todos os modelos da marca, mesmo os pesados SUV, alguns deles motorizados por unidades 2.0 com apenas quatro cilindros, com a Lamborghini a afirmar, orgulhosa, que pretende seguir um rumo distinto.

“O nosso cenário ideal é conceber e produzir modelos 100% eléctricos, como o quarto modelo da gama que vamos introduzir em 2028”, revelou recentemente o responsável pela Lamborghini nos mercados da região da Ásia-Pacífico, Francesco Scardaoni.

De qualquer forma, a possibilidade de manter os superdesportivos em produção, aqueles com V10 e V12 para gáudio dos fãs da marca, conciliando potência com um mínimo respeito pelo ambiente, seria algo bem aceite pelos italianos. Contudo, Scardaoni salientou que a estratégia não passa pela oferta de superdesportivos exclusivamente com motores V10 e V12, mas sim modelos com estas mecânicas associadas a soluções híbridas plug-in, de forma a assegurarem uma redução dos consumos e emissões. Estas últimas continuarão a existir, mas serão geradas por combustíveis neutros em carbono.

Para a Lamborghini, esta solução permitiria manter a sonoridade dos V10 e V12, garantindo menores consumos e menores emissões. É certo que não seriam “zero emissões”, mas dada a reduzida produção dos superdesportivos da marca italiana – que estrategicamente deixou o Urus, o seu modelo mais vendido e equipado com um 4.0 V8 biturbo de fora – pode ser que a Lamborghini consiga convencer o legislador de Bruxelas com os seus argumentos.

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