O antigo presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, disse não ter elementos que lhe permitam comentar o pedido de António Costa a Úrsula Von der Leyen — para alargar o prazo para executar os fundos da ‘bazuca europeia’ –, mas avisou que “os governos têm de fazer o trabalho de casa” e não devem “procurar pretextos” para fugir às suas responsabilidades. No fim da participação do SummerCemp, na Ribeira Grande, nos Açores, Durão Barroso mostrou-se ainda favorável à ideia de haver “mutualização da dívida como houve na pandemia” como resposta à crise provocada pela Guerra na Ucrânia.

Sobre a resposta europeia à Guerra da Ucrânia — na sessão com os participantes do evento — Durão Barroso alertou que a União Europeia tem de continuar a caminhar para a “idade adulta” do ponto de vista da sua Defesa e Segurança: “A Europa não pode ser uma associação supranacional de escuteiros“. O antigo presidente da Comissão Europeia lembrou que a “União Europeia foi feita para defender os europeus e não podemos acreditar que pode fazer isso só pela via pacifista“.

Minutos depois, em resposta aos jornalistas, Barroso lembrou que privou várias vezes com Putin e que não está a ver um “desfecho aceitável” para a Guerra na Ucrânia a “curto prazo”. E fez um novo aviso: “Do que conheço de Putin é uma ilusão pensar que ele vai aceitar uma derrota (…) A Rússia tem muitos meios que ainda não utilizou.” Isto apesar de admitir que o presidente da Federação Russa “não estava à espera de uma tão grande resistência do povo ucraniano nem de uma resposta tão unida da Europa”.

Sobre uma adesão de Kiev à União Europeia, Barroso é claro a dizer que “a Ucrânia não está preparada para aderir. Não cumpre os critérios de Copenhaga. Não reúne as condições políticas e económicas para aderir”. Lembrou que “a Croácia demorou dez anos” no processo, estando muito melhor preparada, e que Bruxelas não deve “baixar os standards para ser membros da União Europeia”. O estatuto de candidato, no entender de Barroso, foi por isso mais um “gesto político” do que o início de um rápido processo de adesão.

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O antigo presidente da comissão também é claro ao dizer que a Ucrânia nunca traria um “benefício económico”, mas de defesa e afirmação de valores europeus: “Economicamente, a UE vai gastar mais dinheiro com a Ucrânia. Aliás, já está a gastar”.

Chega? “Continuo a ser PSD. Sou pelos moderados. Não gosto de radicais”

Barroso admitiu ainda, em conversa com os alunos, que a sua “sinceridade tem aumentado exponencialmente desde que deixou a política”, tendo fugido sempre a comentar a política nacional. Quando lhe perguntaram pelo crescimento do Chega (sobre a forma de “extrema-direita em Portugal”), o antigo primeiro-ministro apenas disse: “Continuo a ser do PSD. Sou pelas forças moderadas, sou pela Europa. Não gosto de extremismos, venham eles de onde vierem.” Advertiu, porém, que não gosta de extremismos “sejam de esquerda ou de direita”, atirando ao BE e ao PCP: “Também há países que são contra a UE, são contra a NATO. E alguns até já estiveram no Governo, a apoiar o Governo.”