O eurodeputado e vice-presidente do PSD, Paulo Rangel, acusa o Governo de “incapacidade, laxismo e má gestão” na aplicação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), depois de o primeiro-ministro enviar uma carta à presidente da Comissão Europeia a pedir mais tempo para aplicar os milhões da bazuca. O Executivo quer mesmo que o prolongamento para lá de 2026 seja um prioridade de Bruxelas.

No documento a que o semanário Expresso teve acesso, António Costa justifica o pedido com o atual contexto económico causado pela guerra na Ucrânia. Na reação ao documento, em declarações ao Observador, o eurodeputado social-democrata Paulo Rangel não poupa nas críticas.

[O envio da carta] é a confissão de que a execução do PRR não está a correr bem. Caso contrário, o primeiro-ministro não faria isto. Nós sabemos que o próprio PRR está muito mal desenhado. Isto tem muito a ver com o mapa de organização do Governo, que não permite uma boa gestão dos fundos. É um sinal de fracasso”, afirma Paulo Rangel.

O eurodeputado  afirma que, neste momento, o Governo “está a desaproveitar uma oportunidade fundamental”.

“É muito grave que, sabendo à partida que os prazos seriam curtos, o Governo não tenha sido capaz de pôr a organização da atribuição de fundos a funcionar de um modo tão capaz que pudéssemos maximizar a utilização dos fundos. Não há dúvidas: o Governo foi laxista”, critica.

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Em declarações ao Observador, Paulo Rangel lembra, no entanto, que o PSD “sempre defendeu” o alargamento dos prazos para a aplicação do Plano de Recuperação e Resiliência. “O PSD defende a extensão do prazo. Achamos que já era curto à partida e, a partir do momento em que o Governo revela esta incapacidade, se não estivermos a lutar pela extensão do prazo, Portugal vai perder”, alerta. E acrescenta: “Não sabemos se a Comissão Europeia vai aceitar este prolongamento”.

PS defende-se: “Estratégia do Governo não falhou”

Já a eurodeputada do PS Margarida Marques reitera que o pedido de prolongamento do prazo para a aplicação do Plano de Recuperação e Resiliência tem unicamente a ver com o contexto económico causado pela guerra na Ucrânia e recusa, assim, a ideia de má gestão do Governo.

Não foi a estratégia do Governo que falhou, antes pelo contrário. O Governo não se propõe a mudar a sua estratégia. Mesmo quando introduziu pequenas revisões, não foi mudar a sua estratégia: foi apenas adaptá-la à nova realidade. Isto tem mais a ver com o calendário de execução do que com a conceção. A estratégia não foi mudada nem em Portugal nem nos outros países”, esclarece Margarida Marques.

Em declarações ao Observador, a eurodeputada garante que “as preocupações políticas e prioridades mantêm-se”. “Mas tem de haver a especificação das prioridades relacionadas com os novos desafios levantados pela guerra na Ucrânia”, resume.

Margarida Marques acredita que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, vai dar uma resposta positiva ao pedido de alargamento dos prazos feito pelo Governo português.

Na carta, o primeiro-ministro sugere ainda um conjunto de prioridades para o plano de atividades de Bruxelas. Reformar a governação económica e concretizar as interligações energéticas em falta são duas delas.

Ouça aqui as declarações dos eurodeputados ao Observador:

PRR. PSD acusa Governo de “incapacidade” na gestão dos fundos europeus