That time again…

Na véspera da estreia na Liga dos Campeões pelo Manchester City, Erling Haaland deixava três palavras aos seguidores nas redes sociais quase como um cartão de visita para o que estava para chegar. E quando começam a faltar palavras perante o arranque a todo o gás do avançado norueguês esta temporada, eis que Gary Neville, antigo capitão do Manchester United e da seleção inglesa hoje comentador, foi mais longe do que todos até aqui. “Sabes, lembro-me de ver os filmes do James Bond quando era mais novo e havia uma personagem que era o Jaws, que era gigante. Ele costumava agarrar nas pessoas e abaná-las para o chão. É um bocadinho como quando vemos o Haaland contra defesas centrais possantes”, resumiu.

Pep Guardiola, “o filósofo que tentava pela enésima vez decifrar o enigma europeu” como escrevia esta terça-feira o La Vanguardia (detalhando os projetos falhados desde o segundo triunfo na Champions pelo Barcelona entre Bayern e Manchester City), dizia e reforçava em todas as intervenções que é impossível Haaland ganhar sozinho a competição pelo Manchester City. Em condições normais, tem razão. Contudo, aquilo que se vê é uma equipa cada vez mais adaptada e confortável à ideia de ter um jogador que reúne características diferentes na frente sem ser um corpo estranho dentro do habitual modelo de jogo. Pelo contrário. E se Kevin de Bruyne, Bernardo Silva ou Phil Foden já tinham estado em grande plano na última época, agora estão a começar tão bem ao melhor também por influência do escandinavo.

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A página de estreia em Sevilha resumiu-se a um jogo com pouca ou nenhuma história onde Guardiola ia corrigindo de um lado para o outro da área técnica os pequenos detalhes onde o Manchester City podia ainda melhorar e Lopetegui olhava quase parado para aquilo que percebia mas não conseguia travar. E entre esse naufrágio dos espanhóis que também na Liga andam sem rumo, Haaland fez mais história.

Ao marcar por duas vezes (20′ e 67′, encostando na pequena área após assistência de De Bruyne e numa recarga), o norueguês tornou-se apenas o quarto jogador a marcar em todos os jogos de estreia por três equipas diferentes (Salzburgo, B. Dortmund e Manchester City) depois de Fernando Morientes, Javier Saviola e Zlatan Ibrahimovic. Mais do que isso, conseguiu chegar aos 25 golos na competição com apenas 20 encontros realizados, um valor sem qualquer registo semelhante na história da prova.

E no dia que assinalou também em paralelo a ausência de Cristiano Ronaldo, o melhor marcador da Liga dos Campeões, o português serviu de exemplo de comparação com Haaland: nos primeiros 20 encontros feitos, nunca marcou; Messi tinha oito golos; Lewandowski, 11; Benzema, 12; ele…25, uma marca que é apenas superada em valores globais na história da Champions por um total de 31 jogadores (e ainda agora começou). Com isso, o norueguês leva um golo por cada 54 minutos jogados com a camisola do City: dois com o West Ham, zero com o Bournemouth (mas fez uma assistência), um com o Newcastle, três com o Crystal Palace, três com o Nottingham Forest, um com o Aston Villa, agora dois com o Sevilha.

Pelo meio e depois, num encontro em que João Cancelo foi o português em maior destaque (e ficou perto do golo por mais do que uma ocasião), Phil Foden fez o 2-0 que terminou de vez com as contas perante a frágil oposição do Sevilha (58′) e pertenceu a Rúben Dias o quarto e último golo no segundo minuto de compensação, numa goleada que se seguiu ao triunfo por 3-0 do B. Dortmund frente ao Dínamo Zagreb.