O presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP) defendeu esta terça-feira que as adversidades do ano agrícola devido à seca são o momento oportuno para começar a trabalhar soluções para a Região Demarcada do Douro.

Gilberto Igrejas espera que a atual situação sirva para que se possa trabalhar dentro do Conselho Intermunicipal no sentido de adotar medidas preditivas, que acautelem cenários futuros de seca extrema como a que marca o atual ano agrícola, com consequências na produção.

O presidente do IVDP preconiza a adoção de medidas “que possam acautelar a falta de água” e “a instalação de novas castas que já existem no Douro, mas que não são muito utilizadas, mas que têm possibilidade de crescer com défices hídricos mais elevados”.

Nós temos uma riqueza varietal de castas no Douro, mais de 100 castas, se temos esta diversidade genética de castas há que a utilizar em prol da produção”, defendeu, em declarações à Lusa.

Acrescenta que a discussão em torno desta “riqueza de germoplasma” existente na Região Demarcada do Douro, deve ser “acompanha com medidas preditivas que possam estabelecer políticas de armazenamento de água quando ela existe, nos meses de inverno, de forma que ela possa suprir depois as necessidades da planta”.

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O presidente do IVDP lembra que a região demarcada tem três sub-regiões, o Baixo Corgo, o Cima Corga e o Douro Superior, “com amplitudes térmicas muito diferentes e com disponibilidades hídricas também muito diferentes”.

Há que começar a fazer esse trabalho de prospeção para sabermos se as nossas vinhas estão instaladas em locais que podem prosperar porque seguramente que daqui a 20 anos nós não vamos ter a mesma disponibilidade hídrica na Região Demarcada do Douro”, alertou.

Gilberto Igrejas enfatiza que “o Conselho Interprofissional do IVDP está convocado a trabalhar e a arranjar soluções que possam preconizar que os vinhos da Região Demarcada do Douro continuam a ter esta excelente qualidade e uma expressão mundial como tem sido o caso ao longo dos últimos anos”.

O presidente do Instituto antecipou esta terça-feira um decréscimo na produção de vinho do Porto, devido à seca, que ainda não consegue quantificar, mas está convencido de que a qualidade “será excecional”.

As vindimas começaram há cerca de uma semana e só no final de setembro ou outubro será possível avançar com dados concretos em relação à quebra na produção dos vinhos do Douro e Porto, segundo o responsável.

Em simultâneo com a campanha agrícola, o IVDP celebra o Dia do Vinha do Porto com iniciativas que arrancam no sábado e decorrem até novembro.

Precisamente no sábado são entregues quatro distinções nas áreas da Enologia, Viticultura, Enoturismo e Revelação.

Douro antecipa campanha com menos vinho do Porto, mas qualidade “excecional”

Gilberto Igrejas, antecipou um decréscimo na produção de vinho do Porto, mas está convencido de que a qualidade “será excecional”.

Seguramente que aquilo que vamos ter não vai atingir a produção do ano passado, iremos ficar aquém da produção do ano passado. Há uma limitação na produção que é proveniente da seca e a Região Demarcada do Douro vai sentir esse decréscimo ao nível da quantidade de quilogramas de uvas e de pipas de vinhos do Douro e do Porto que vão ser produzidas”, afirmou.

Já em termos de qualidade dos vinhos, o presidente do IVDP, garantiu que não há “qualquer informação de que possa ser prejudicada, bem antes pelo contrário”.

“Estamos convencidos de que, no caso do vinho do Porto, a qualidade será excecional, foi um ano agrícola ausente de doenças e isso de alguma forma vai valorizar seguramente o produto”, concretizou.