A forma como Pep Guardiola abordou o mercado de transferências deixou claramente no ar a ideia de que o espanhol pretende na presenta temporada recriar a maneira como a equipa joga tendo dois avançados de características distintas como referência de toda essa versão 2.0 que vai nascendo. O sistema pode não ser muito diferente, a ideia de jogo também não difere muito, a forma como a equipa encara a posse e o ataque organizado são diferentes tendo Erling Haaland como referência. Mas as alterações não ficaram por aí, com uma troca direta em várias posições. Saiu Zinchenko, entrou Sergio Gómez; saiu Fernandinho, entrou Kalvin Philips; saíram Sterling e Gabriel Jesus, entraram Haaland e Álvarez (e ainda houve a chegada de mais um central, Manuel Akanji, algo que é quase uma obrigatoriedade todos os anos).

Haaland, dois saltos para a história e a incrível média de um golo por cada 54 minutos (a crónica do Sevilha-Manchester City)

Ainda assim, e dentro dessas tais características, foram sendo colocadas possibilidades além de Mahrez, Jack Grealish ou Bernardo Silva se necessário para jogar nas alas. A Sky Sports encontrou uma, de seu nome João Cancelo. E o lateral direito que no City joga cada vez mais na esquerda não enjeitou a hipótese de avançar de forma assumida mais uns metros no campo. “Central nesta equipa nunca serei mas talvez um extremo, um médio… No final do dia, será sempre uma decisão do treinador onde prefere que jogue porque onde quer que me coloque, vou dar o meu melhor. Esse é o segredo da equipa”, destacou.

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A possibilidade ainda não foi verdadeiramente experimentada por Guardiola mas Cancelo, mesmo como lateral, continua a produzir tanto ou mais do que os alas e foi assim que o Manchester City somou mais uma vitória na Liga dos Campeões depois da goleada em Sevilha, batendo o B. Dortmund por 2-1 no Etihad Stadium depois de ter ficado em desvantagem no segundo tempo com golo de Bellingham (56′).

Com quatro vezes mais ataques, o triplo dos cantos e mais do dobro dos remates, os campeões ingleses entravam nos últimos dez minutos da partida em desvantagem mas um grande golo de John Stones, num remate a 25 metros da baliza que apanhou desprevenido Meyer (80′). Não ficaria por aí: apenas quatro minutos depois, João Cancelo tornou-se o Mr. Miyagi de Haaland, com o norueguês a trair a antiga equipa com um golo ao segundo poste digno de Karaté Kid que fez a reviravolta para os citizens (84′) naquela que foi a terceira assistência do português (e de trivela) em apenas dois jogos na Champions.

“Por mais que sempre tenhamos apreciado o que Haaland fez por nós e o sucesso que teve com a nossa camisola, o assunto acabou por se tornar um fardo na fase final, tanto para o balneário como para o clube. Era só ele. O momento da venda foi certo, tanto para nós como para o Manchester City. O facto dos nossos primeiros dez golos esta temporada terem sido marcados por dez jogadores diferentes prova isso. Gostaria de ter tido certezas [sobre a sua saída] o quanto antes, porque foi algo que limitou a nossa preparação. Sem ele, temos a possibilidade de confiar nos outros jogadores”, tinha referido Sebastian Kehl, antigo jogador e hoje diretor desportivo do B. Dortmund. E foi o tal “fardo” que fez a diferença…