Reza o ditado que os homens não se medem aos palmos, o que significa que a altura em nada deveria interferir com a sua índole. Embora a intenção do dito popular seja a melhor, a realidade é que a altura parece, sim, interferir com o grau de auto-confiança de uma pessoa. Pelo menos é o que defende o “Complexo de Napoleão”, ou “síndrome do homem baixinho”, termo usado na psicologia que, geralmente, se refere ao complexo de inferioridade. A disfunção foi mencionada, pela primeira vez, pelo psicólogo austríaco Alfred Adler, que assegurou que todas as crianças desenvolvem sentimentos de inferioridade quando rodeadas por adultos mais altos e mais capazes do que elas.

De acordo com registos históricos, também os  monarcas reagiam aos seus tamanhos físicos de maneiras diferentes. Muitos acreditavam que os seus corpos físicos simbolizavam a sua autoridade real. O corpo real estava, assim, ligado à política e muitos reis e rainhas eram celebrados, ou ao invés ridicularizados, pela sua forma física.

Historicamente, as alturas e características físicas dos monarcas britânicos variaram consideravelmente. Como membros de uma árvore genealógica complexa, exibiram uma série de atributos físicos. As origens desses atributos dependem, claro, de diversos fatores, onde se incluem a genética, o tipo de dieta alimentar, o nível de atividade física ou até a saúde.

Segundo registos, Isabel II teria, nos seus últimos anos de vida, 1,63 de altura. Como seria natural para alguém na casa dos 90 anos, a rainha teria perdido alguns centímetros ao longo da sua vida adulta. Na época da sua coroação, em 1953, reza a história que ela teria 1,70 de altura.

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Não sendo alta, as suas sete décadas de reinado confirmaram a imensidão da sua atividade, contrariando desde já o ditado popular. Em 2018, a rainha assumiu 283 compromissos, menos do que os 398 do seu filho e atual soberano, Carlos III, mas muito mais do que o trabalho que o príncipe William, Kate Middleton, o príncipe Harry e Meghan Markle fizeram naquele ano. Sorridente ou solene, baixa ou alta, não há dúvida de que a rainha foi, profusas vezes, a maior pessoa da sala, senão de todo o reino.

No campeonato das estaturas mais baixas, Isabel II consegue ser ultrapassada por outra monarca de longevidade invejável: com cerca de 1,50 de altura, a Rainha Vitória é apontada como sendo a mais baixa monarca britânica. Entre as mais altas, encontram-se as rainhas Maria, Rainha da Escócia e Maria II, rainha da Inglaterra, Escócia e Irlanda, ambas com 1,80 de altura.

No que respeita aos reis, o quadro repete-se: a diversidade estende-se aos tamanhos, que não espelham, necessariamente, nem a altura dos seus feitos nem as suas personalidades mais fracas ou mais fortes.

Entre os mais altos monarcas encontram-se os seguintes nomes:

  • Eduardo IV (1461-1470), com 1,94 de altura. Registos indicam que, quando completamente vestido com a sua armadura, teria cerca de 2,01 de altura, excecional para qualquer homem, especialmente naquela época;
  • Ricardo I (1189-1199), com 1,93 de altura. Conhecido pelo cognome “Coração de Leão”, graças à sua reputação como destemido guerreiro e líder militar, é dos tais reis a quem a altura faz justiça à grandeza das suas ações;
  • Henrique VIII (1509-1547), com 1,88 de altura. Em 2015, foi considerado o pior monarca da História pela Associação dos Escritores Históricos do Reino Unido. Na juventude, as suas paixões eram as mulheres, a bebida, o jogo ou o desporto. A fama de bon vivant não incomodava a corte — afinal, o herdeiro do trono inglês era o seu irmão, o bem-comportado Artur. Só que Artur acabaria por morrer mais cedo do que o previsto e seria Henrique o coroado aos 18 anos, em 1509, logo após a morte do seu pai. “Obsessivo”, “tirano”, sentenciou dezenas de milhar à morte (incluindo duas das seis mulheres) e teimou numa agenda própria que em última instância motivaria a célebre cisão entre Inglaterra e a Igreja Católica. Digamos que não esteve à altura da sua altura, passe a redundância.
  • Eduardo I (1272-1307), com 1,88 de altura. Não por acaso também conhecido como “Eduardo Pernas Longas” ou “Martelo dos Escoceses”, foi o Rei de Inglaterra de 1272 até à data da sua morte. Ao contrário da crença popular, “Eduardo Pernas Longas” não era chamado desta forma devido ao comprimento das suas pernas, mas antes dos seus braços que, de acordo com registos, tinham pouco menos de um metro de comprimento (91 cm).
  •  Carlos II, ( rei da Escócia entre 1649 e 1651 e rei de Inglaterra, Escócia e Irlanda entre 1660 e 1685) com 1,85 de altura. Conhecido por ter tido muitas amantes (com as quais teve mais de dez filhos ilegítimos), o rei acaba por casar com uma portuguesa, D. Catarina de Bragança, filha do rei português D. João IV.

Hoje, os Príncipes William e Harry, com 1,91 e 1,89 de altura, respetivamente, voltam a colocar a fasquia da estatura lá no cimo.

Já entre os reis mais baixo estão: Carlos I, com 1,63 de altura, João I com 1,67 de altura, Guilherme I e Jorge V, ambos com 1,68 de altura.