Long have died the kings! A morte é a coisa mais certa da vida e nem a monarquia detém o monopólio da vida eterna. Mas há mortes e mortes. E muitos reis não tiveram um final de vida digno de rei — ou, simplesmente, de ser humano. O corpo de Ricardo III, por exemplo, passou cinco séculos perdido; já Eduardo II de Inglaterra foi brindado com um um ferro em brasa abruptamente inserido no seu ânus — ou assim reza a história. E estes não foram os únicos reis com finais nada felizes. Senão vejamos:

Ricardo III de Inglaterra (1483-1485)

Morte: 22 de agosto, 1485

Decorria o final do século XV quando Ricardo III acabava por sucumbir aos múltiplos ferimentos causados pelos seus inimigos, que lhe perfuraram o crânio quando este estava caído e já sem o elmo (parte de uma armadura), perdido durante a Batalha de Bosworth Field. O corpo de Ricardo III foi enterrado sem nenhuma pompa, tendo ficado perdido por mais de cinco séculos. Em 2012, foi conduzida uma escavação arqueológica num estacionamento da cidade de Leicester e, no ano seguinte, a Universidade de Leicester confirmou que o esqueleto encontrado nas escavações correspondia àquele monarca. O rei tinha lombrigas no estômago que poderiam ter atingido mais de 30 centímetros de comprimento. Foi enterrado na Catedral de Leicester a 26 de março de 2015.

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Eduardo II de Inglaterra (1307-1327)

Morte: 23 de Agosto,1358

Eduardo ficou preso por vários meses de forma a ser mantido fora do alcance dos apoiantes que o libertariam. Em 1327 é colocado em cativeiro permanente no Castelo de Berkeley, onde reza a lenda que foi brutalmente assassinado por um atiçador em brasa posteriormente inserido no seu ânus – método sugerido numa referência às suas supostas relações homossexuais. Não tendo sido mais ouvido, a causa da sua morte permanece uma incógnita, mas a maioria dos historiadores acredita que, de uma forma ou de outra, foi enclausurado naquele castelo que ele conheceu a morte.

Jorge II da Grã-Bretanha e Irlanda (1727-1760)

Morte: 25 de outubro, 1760

Era uma manhã de outubro igual a tantas outras: Jorge II levanta-se às seis da manhã, como era seu costume, bebe a sua caneca de chocolate quente e senta-se sozinho no “trono” da sua casa de banho. Minutos depois, o seu criado de quarto ouve um grande estrondo. Quando entra depara-se com o rei estendido no chão. Jorge é levado para a cama e morre poucos minutos depois. Registos sugerem que uma autópsia realizada ao seu corpo revelou que o ventrículo direito do seu coração tinha rebentado devido a um aneurisma aórtico incipiente. Jorge III foi enterrado a 11 de novembro, na Abadia de Westminster. Deixou instruções para que o seu caixão e o da sua esposa, Carolina de Ansbach, fossem abertos de lado para que os seus restos mortais se pudessem tocar.

Guilherme II de Inglaterra (1087-1100)

Morte: 2 de agosto, 1100

Guilherme morreu a 2 de agosto de 1100 atingido por uma seta no coração. O então rei encontrava-se numa caça ao veado, em New Forest, Inglaterra, e fazia-se acompanhar por um grupo de nobres. Se se tratou de um acidente ou não, ficou por apurar, mas ninguém foi acusado ou perseguido por regicídio. Já por volta de 1070 o seu irmão, Ricardo, perdera a vida naquela mesma floresta e, em maio de 1099, também o seu sobrinho ali tivera uma morte semelhante.

Jorge V do Reino Unido (1910-1936)

Morte: 20 de janeiro, 1936

Conta a história que Jorge se encontrava num estado de constante doença desde o ano de 1915 — o facto de ser um ávido fumador e de, ainda por cima, sofrer de bronquite, não ajudaram à sua história de vida. A 20 de janeiro encontrava-se num estado de quase-morte. Os seus médicos, cuja equipa era liderada por Lord Dawson, divulgaram um boletim com uma declaração que ficaria famosa: “A vida do rei move-se pacificamente para o seu fim”. Naquele serão, Dawson decidiu que o rei precisava de morrer antes da meia-noite para que as notícias saíssem na edição matinal do The Times, em vez dos “diários noturnos menos apropriados”. Sem o conhecimento da família real ou a aprovação do rei, ele pôs um fim à vida do rei através de uma injeção letal de morfina e cocaína. No diário de Dawson, tornado público em 1986, este revela as últimas palavras do rei, dirigidas à enfermeira que lhe deu um sedativo naquela noite de 20 de janeiro: “Que Deus a amaldiçoe!”.