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Pela primeira vez na história do Brasil, dois transgénero ocuparão lugares na Câmara dos Deputados a partir de 2023, após serem eleitos nas eleições deste domingo, segundo os resultados oficiais divulgados esta segunda-feira.

Erika Hilton, do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), foi eleita em São Paulo com mais de 257 mil votos e Duda Salabert, do Partido Democrático Trabalhista (PDT), com cerca de 208 mil em Minas Gerais.

Salabert votou no domingo vestindo um colete à prova de balas, devido às ameaças que recebeu em resposta ao seu ativismo e carreira política.

As duas foram vereadoras: Hilton na cidade de São Paulo e Salabert em Belo Horizonte, capital do estado de Minas Gerais, no sudeste do país.

Keila Simpson, presidente da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), celebrou o evento inédito e disse ter sido o resultado de uma campanha “extremamente intensa” e de muitas batalhas durante o processo.

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São duas pessoas que estiveram em cargos eletivos e agora vão num cargo de maior importância no Parlamento federal, onde continuarão a levantar as bandeiras que as elegeram, mas também a legislar em benefício do povo brasileiro”, disse, citada pela agência EFE.

Nas eleições de domingo, três deputados regionais transgénero também foram eleitos nos estados de Sergipe, Rio de Janeiro e São Paulo, neste último caso como parte de um coletivo.

Para Simpson, a participação política da população trans pela primeira vez no Congresso significará uma “batalha dura” pelos resultados do Senado, já que boa parte dos seus novos membros é de ideologia “ligada à religião e fundamentalista”.

“Embora o saldo seja positivo, as eleições remetem-nos para um quadro muito forte de angústia pela forma como o Parlamento e principalmente o Senado foram constituídos, por conta de alguns senadores que foram eleitos e que são pessoas que não conseguem conviver com a diversidade que temos no Brasil“, destacou.

A presidente da Antra ressaltou que os resultados são consequência da escolha feita pelos eleitores “e a democracia está aí para ser respeitada”.

Este ano, o número de pessoas trans que aspiravam a um cargo eleito popularmente bateu um recorde no Brasil, com 76 candidatos, 44% a mais do que os inscritos em 2018, segundo dados da Antra.

A primeira trans a ocupar um cargo político no Brasil foi Kátia Tapety, como vereadora de Colónia, no Piauí, em 1992.