A Didimo, startup portuguesa que desenvolve humanos digitais, fechou esta terça-feira uma ronda de financiamento Série A no valor de 7,150 milhões de dólares para criar “o futuro dos avatares no metaverso” e para impulsionar o “crescimento comercial e global”, bem como “desenvolver opções adicionais de apoio aos clientes”.

A ronda de investimento foi liderada pela Armilar Venture Partners e contou com a participação da Bright Pixel Capital, da Portugal Ventures, da Techstars e do Fundo Nos 5G, anunciou a empresa em comunicado. “Entusiasma-nos saber que com o investimento na Didimo estamos a contribuir para a expansão de interações digitais mais humanas, em indústrias tão diversas como o entretenimento ou o retalho”, considerou Jorge Graça, chief technology officer da Nos, citado numa nota emitida pela operadora de telecomunicações.

Por sua vez, Veronica Orvalho explicou, em declarações ao Observador, que “fechar clientes e parcerias tanto com grandes como com médias empresas na área do entretenimento, da moda e do metaverso” é outro dos objetivos da Didimo. A nossa tecnologia é sinónimo do envolvimento de pessoas com o digital da forma mais humana e autêntica possível”, acrescentou a fundadora e CEO da tecnológica.

Os humanos digitais, que a startup portuguesa desenvolve e que descreve como sendo de “alta fidelidade”, podem ser utilizados “por criadores, marcas e consumidores” em “experiências imersivas”. Desta forma, a Didimo considera que “jogar ao lado e frente-a-frente com o Cristiano Ronaldo ou Tom Brady é possível através da tecnologia patenteada, que pode ser utilizada por programadores e organizações para transformar rostos 2D em versões digitais 3D das pessoas”. Assim, qualquer pessoa pode interagir “com os seus ídolos”, quer seja em videojogos ou concertos virtuais.

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Os "gémeos digitais" que a Didimo gera

Os “gémeos digitais” que a Didimo gera

A Didimo utiliza deep tech para transformar fotografias 2D em avatares humanos 3D em cerca de “60 segundos”. Para além dos gémeos digitais personalizados e baseados em seres humanos, a plataforma da tecnológica gera “non-playable characters e personagens realistas em velocidade e em escala, com o objetivo de ajudar estúdios e designers experientes a povoar rapidamente os seus mundos com personagens de alta qualidade”.

No início de 2021, a Didimo fez o lançamento da versão beta da sua plataforma e pretende chegar ao mercado no final do ano. Atualmente com 24 funcionários, a startup pretende contratar mais duas pessoas até ao final de dezembro. Em 2023, a empresa quer ter uma “equipa de cerca de 30/35 pessoas”.

Questionada pelo Observador acerca do valor em que estava avaliada, a startup sediada no Porto explicou que a “ronda de Série A se baseia numa avaliação da empresa de 40 milhões de dólares”. Por outro lado, a tecnológica, que se descreve como sendo “global” (“de Portugal para o mundo”) ‘escapou’ a uma outra questão e não revelou quantos clientes utilizam a sua plataforma e quantos humanos digitais são gerados por cliente.

Desta forma, a startup disse somente que “tem vários clientes empresariais em curso, com um grupo adicional a trabalhar presentemente para trazer a sua experiência do metaverso ou web3 para o mercado num futuro próximo”. “A Didimo também trabalha com uma gama de parceiros para alargar as suas capacidades, alavancando a sua experiência única em geolocalização, texto para fala e construção de ambientes 3D”, acrescentou.

“Eu sinto que eu nasci para isto que estou a fazer agora”, garante Veronica

Veronica Orvalho queria um nome com “muito significado” para a startup que fundou em 2016. Didimo significa “irmão gémeo” em grego, designação que a CEO achou “apropriadíssima” para aquilo que a sua empresa pretendia, em 2016, criar: uma “extensão de nós próprios”.

Não é uma cópia, não é uma personagem fantástica. É mesmo a nossa extensão”, defendeu em entrevista com o Observador.

Da Argentina para Portugal, com um doutoramento em computação gráfica e com o cargo de professora na Universidade do Porto, Veronica sente que nasceu para o que está a fazer agora. Mas o caminho não foi fácil. Em 2016, as pessoas ainda achavam que estava “completamente maluca da cabeça” e tinham muitas questões, como, por exemplo: “Como é que um avatar vai ajudar-nos a comunicar?”

Agora, “depois da pandemia, só se fala de humanos digitais e de metaverso“. “Eu acho que as pessoas ainda não fazem a mínima ideia para que é que serve [esta tecnologia] e o potencial que tem, mas pelo menos há curiosidade”, declarou Veronica, que considerava que o mundo estava “pronto” para a sua ideia em 2016. Porém, descobriu que só em 2020 é que as pessoas entenderiam melhor o que pretendia fazer.

Foi precisamente nesse ano, o primeiro da pandemia, que a Didimo fechou uma ronda de investimento no valor de um milhão de euros. A ronda de investimento foi liderada pela Armilar Venture Partners, sociedade portuguesa de fundos de capital de risco, e contou também com a participação da Bright Pixel e da PME Investimentos.

Didimo. Portugueses que criam avatares fecham investimento de 1 milhão de euros durante pandemia