O último encontro do Atl. Madrid, que permitiu a consolidação do terceiro lugar a oito pontos do rival Real e a cinco do Barcelona, funcionou como exemplo paradigmático daquilo que é hoje o conjunto comandado por Diego Simeone, que uns dias antes empatara no Wanda Metropolitano com o Rayo Vallecano: muita organização, tentativa de certeza no passe, poucos riscos, um coletivo a trabalhar para que apareçam de forma natural as individualidades, uma equipa que não concebe a ideia de defender resultados a atacar e que se deixa empatar por isso. Em Sevilha, com o Betis, apareceu Griezmann com dois golos. Em Sevilha, com o Betis, Fekir reduziu de livre direto e Álex Moreno viu a igualdade bater na trave aos 90′.

Griezmann dá sete vidas a Simeone mas de Félix só se vê as botas: Atl. Madrid vence Betis em Sevilha e segura terceiro lugar

Entre uma segunda parte particularmente mexida onde aconteceu de tudo um pouco, João Félix também foi protagonista. Após ter sido suplente pela sétima vez consecutiva, o português entrou aos 76′, tentou cumpriu as suas funções sem bola e podia mesmo ter marcado nos descontos, com Rui Silva a travar a boa jogada do avançado. No entanto, algo não mudou: o número 7 continua ser visto como a quinta opção entre as unidades atacantes, atrás de Morata, Griezmann, Correa (que pode jogar mais atrás no campo) e Matheus Cunha. E a dúvida era se, caso os colchoneros continuassem empatados no jogo com o Bayer como aconteceu com o Club Brugge, se Félix seria ou não utilizado na oitava partida como suplente.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

João Félix aquece mas não joga, o Atl. Madrid ataca mas não marca (e o Club Brugge está nos oitavos da Champions)

“Os jogadores estão habituados a este tipo de jogos, sabem a necessidade de vitória que temos e não será diferente do que acontece na Liga ou na Taça, onde somos obrigados a ganhar. Vamos tentar levar o jogo para o lado em que possamos tirar benefícios. Sinto a equipa a crescer e oxalá continue assim, é algo que estou a gostar. Pouco rendimento dos suplentes? É responsabilidade minha. A nossa força é o plantel e não os 11 titulares e se conseguirmos perceber isso estamos mais perto do sucesso”, comentara Diego Simeone, que abordou ainda o ambiente agora mais frio no Wanda Metropolitano: “Não posso pedir nada. Só podemos passar ilusão, trabalho, entrega como nos últimos 11 anos. Para mim há uma forma de pensar no futebol e na vida: dar sem esperar nada em troca. É isso que procuramos fazer”.

Era neste contexto que o Atl. Madrid enfrentava a primeira final, sabendo que não tinha margem de erro na receção ao conjunto alemão agora orientado pelo antigo internacional espanhol Xabi Alonso. Contas feitas, uma vitória valeria sempre a possibilidade de discutir no Dragão a passagem aos oitavos, qualquer que fosse o resultado do FC Porto esta noite na Bélgica. No entanto, nem mesmo uma espécie de match point dado pelo VAR no final do encontro foi suficiente para evitar a saída da Champions em mais um jogo em que o conservadorismo com que Simeone abordou um duelo decisivo quase puxou o azar.

A primeira parte foi marcada pelos erros defensivos do Atl. Madrid que resultaram em golo do Bayer Leverkusen (Diaby aos 9′, Hudson-Odoi aos 29′) e pelo momentâneo empate dos espanhóis por Carrasco (22′) numa partida onde o conjunto de Simeone esteve abaixo no normal. Mesmo em desvantagem, o técnico lançou ao intervalo Saúl Ñíguez e Rodrigo de Paul, sendo que foi o argentino a conseguir de novo a igualdade logo aos 50′. Estava aberto um encontro de loucos que, depois da pressão colchonera, partiu e teve oportunidades de parte a parte até ao final à Hitchcock: já depois do final do jogo, o VAR reviu uma jogada de possível mão, deu o penálti ao conjunto de Madrid mas Hradecky travou a tentativa de Carrasco, Saúl acertou na trave e a outra recarga de Reinildo bateu em Carrasco e saiu (90+9′). Já João Félix, mais uma vez a quinta opção atacante, voltou a entrar apenas aos 87′ e quase não tocou na bola…