O Parlamento Europeu declarou esta quarta-feira que a Rússia é um Estado “patrocinador de terrorismo” por causa dos atos “brutais e desumanos” cometidos na guerra na Ucrânia. A resolução contou com o 894 votos a favor, 58 contra e 44 abstenções.

“Os ataques e atrocidades perpetrados pela Federação Russa contra a população civil da Ucrânia, a destruição de infraestruturas civis e outras graves violações dos direitos humanos e do direito humanitário internacional equivalem a atos de terror contra a população ucraniana e constituem crimes de guerra”, disseram os eurodeputados.

Parlamento Europeu discute resolução para a Rússia responder por alegados crimes de guerra na Ucrânia

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, congratalou a decisão, sublinhando que a Rússia “deve ser isolada em todos os níveis e responsabilizada para acabar com a sua política de terrorismo de longa data na Ucrânia e em todo o mundo”.

Poucas horas depois o site do organismo foi alvo de um ataque “sofisticado” que, segundo Roberta Metsola, Presidente do PE, foi reivindicado por um grupo pró-Kremlin.

O que aconteceu durante a noite?

  • A Organização das Nações Unidas alertou para o risco de um “inverno catastrófico” para milhões de ucranianos após os mais recentes “ataques implacáveis e generalizados” por parte da Rússia contra civis e importantes infraestruturas.
  • Não há dúvidas sobre o futuro e sucesso da “operação militar especial” na Ucrânia, afirmou o porta-voz do Kremlin, usando o termo usado pela Rússia para se referir à invasão. O Kremlin negou que a Rússia e os Estados Unidos estejam em contacto para promover negociações de paz com Kiev, após fonte militar norte-americana ter apontado esse cenário como possível devido ao impasse de Moscovo na Ucrânia.
  • Os ataques russos na Ucrânia fizeram 30 vítimas civis, entre mortos e feridos, e deixaram milhões de pessoas sem eletricidade, acesso a água e aquecimento, quando se registam já temperaturas negativas em algumas regiões, segundo as Nações Unidas.
  • Durante o dia foram desligadas três centrais nucleares após a nova vaga de ataques russos, revelou a empresa estatal de energia da Ucrânia. A proteção de emergência foi ativada nas centrais de Rivne, Pivdennoukrainsk e Khmelnytskyi.
  • Os residentes de Kiev devem preparar-se para o “pior cenário” num inverno que será difícil, o “pior” desde a Segunda Guerra Mundial, afirmou o presidente da câmara, Vitali Klitschko. Numa entrevista ao jornal alemão Bild, citada pelo The Guardian, o autarca refere que algumas zonas de Kiev poderão ter de ser evacuadas.

O que aconteceu durante a tarde?

  • A Ucrânia e a Rússia realizaram uma nova troca de prisioneiros. Kiev recuperou 36 soldados ucranianos e Moscovo 35 russos.
  • A Força Aérea ucraniana disse que conseguiu abater 51 dos 70 mísseis russos, que durante o dia provocaram falhas generalizadas nas principais infraestruturas de energia do país.
  • O Presidente francês, Emmanuel Macron, disse que terá um “contacto direto” com Vladimir Putin, “nos próximos dias” sobre a questão da central nuclear de Zaporíjia na agenda. O contacto acontecerá já depois de Macron trocar informações com o diretor-geral da Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi.
  • O Parlamento Europeu lançou esta quarta-feira uma campanha para recolher, nas cidades da União Europeia (UE), geradores e transformadores de energia para ajudar os ucranianos a ultrapassa os meses de inverno, dada os repetidos ataques russos às infraestruturas energéticas da Ucrânia.
  • A votação da resolução do Parlamento Europeu para declarar a Rússia um país “promotor do terrorismo” contou com a oposição dos dois deputados do PCP. Na bancada dos socialistas europeus, quatro deputadas portuguesas abstiveram-se.
  • O ministro das infraestruturas da Moldávia, Andrei Spînu, alertou para quedas de energia “massivas” no país devido aos ataques russos à infraestrutura energética da Ucrânia. “A Moldelectrica, a empresa estatal de energia, está a tentar reconetar mais de 50% da energia do país”, escreveu no Twitter.
  • Anton Gerashchenko, conselheiro do Ministério da Administração Interna, afirmou que um míssil russo sobrevoou esta quarta-feira a região de Kharkiv.

  • Uma série de explosões foram ouvidas durante a tarde em Kiev e foi confirmada a morte de pelo menos três pessoas. Segundo o Guardian, também foram ouvidas explosões em Mykolaiv e Dnipropetrovsk e a defesa aérea ucraniana conseguiu eliminar algumas ameaças. O governador de Mykolaiv, Vitalii Kim, confirmou que as forças russas lançaram cinco mísseis na região. Segundo o Kyiv Independent, um alerta de ataques aéreos foi emitido em toda a Ucrânia.

O que aconteceu durante a manhã?

  • O Papa Francisco lembrou o povo ucraniano, que sofre “o martírio da agressão”, comparando o atual momento do país à grande fome que assolou o povo ucraniano na década de 1930, provocada por Estaline e conhecida como Holodomor. “Oremos pela paz no mundo e pelo fim de todos os conflitos, com um pensamento especial para o sofrimento terrível do querido e martirizado povo ucraniano”, disse o Papa, na audiência geral no Vaticano.
  • Pelo menos 438 crianças morreram na Ucrânia desde que começou a invasão russa, a 24 de fevereiro, revelou a Procuradoria-Geral ucraniana. Também 841 menores ficaram feridos.
  • No habitual relatório sobre a guerra, o Reino Unido afirmou que a Rússia estará a usar drones de origem iraniana desde setembro para atingir o sistema elétrico ucraniano e locais estratégicos da resistência. Referem ainda que a Rússia deve estar prestes a pedir mais armamento ao Irão porque estas armas estão a esgotar-se.

  • As forças armadas russas terão lançado rockets contra uma maternidade na pequena vila de Vilniansk, nos arredores da cidade de Zaporíjia, a poucos quilómetros da linha que separa o território controlado pelos ucranianos do território sob ocupação russa. A informação foi divulgada pelo governador de Zaporíjia, Oleksandr Starukh, que lamentou a morte de um bebé recém-nascido no ataque.
  • O Reino Unido revelou que está a enviar para a Ucrânia um conjunto de helicópteros de combate, noticiou a BBC. Em causa estão pelo menos três helicópteros Sea King, vocacionados para o combate contra submarinos e missões de resgate no mar. O primeiro já chegou à Ucrânia.