O presidente da Associação 25 de Abril, Vasco Lourenço, insurgiu-se esta sexta-feira contra o aproveitamento político do 25 de Novembro por alguns “dos vencidos” nesse acontecimento político-militar, numa alusão implícita ao partido Chega.

“Não aceito agradecimentos dos que, em 25 de Novembro de 1975, foram vencidos, por mim e pelos meus camaradas de Abril”, enfatiza Vasco Lourenço em comunicado, no qual não nomeia qualquer partido, embora se dirija expressamente à extrema-direita.

O capitão de Abril considera que a sua imagem está, “de forma abusiva, a ser utilizada por esses vencidos, que em 25 de Novembro de 1975 tentaram concretizar um novo 28 de Maio“, data que marca historicamente o início do Estado Novo em 1926 no qual se insere o período da ditadura de Oliveira Salazar.

O comunicado de Vasco Lourenço surge em resposta implícita a declarações do líder do Chega, André Ventura, que no debate de sexta-feira na Assembleia da República elegeu 25 de novembro como “um bom dia para iniciar o combate final contra um Governo que durante anos foi dominado pela extrema-esquerda, encontrou agora dois novos apêndices no Livre e no PAN e continua o seu percurso de destruição de Portugal” .

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Apesar de admitir que “nada mais natural” do que ver aquela data a ser explorada “diversas forças politicas, consoante os seus próprios interesses”, Vasco Lourenço rejeita os elogios vindos dos partidos mais à direita.

“Não duvidemos, os derrotados em 28 de Setembro de 1974 e em 11 de Março de 1975, voltaram a ser derrotados em 25 de Novembro de 1975! Comemorar o quê? A derrota? Haja decoro!“, pede o capitão de Abril.

Vasco Lourenço alega que “se se pode compreender que algumas dessas forças políticas continuem a não assumir o envolvimento que as levou à inviabilização dos seus objetivos, menos se compreende e aceita que forças políticas, então igualmente vencidas nesse importante acontecimento político-militar, teimem em tentar apresentar-se como se então tivessem saído vencedoras dos confrontos verificados”.

Sem nunca indicar qualquer força política em concreto, Lourenço critica que “insistam em tentar cavalgar a ação dos militares que então conseguiram garantir a continuação do cumprimento do Programa do MFA, consumado na aprovação da Constituição da República, aprovada por uma Assembleia Constituinte, eleita livremente, nas eleições mais concorridas que alguma vez se verificaram em Portugal”.

O 25 de Novembro de 1975 foi uma ação militar que colocou um ponto final ao então designado Processo Revolucionário em Curso (PREC) e consolidou a estabilidade democrática do regime.