O selecionador dos EUA, Gregg Berhalter, pediu, esta segunda-feira, desculpas ao Irão depois da Associação Americana de Futebol ter publicado, nas redes sociais, a bandeira deste país sem o símbolo da República Islâmica, que inclui uma representação de Alá.

Esta terça-feira, Irão e EUA defrontam-se num jogo decisivo para a continuidade das duas seleções no Campeonato do Mundo do Qatar – e esta publicação norte-americana veio aumentar a tensão de uma partida que é mais do que futebol.

“Há coisas fora do nosso controlo”, admitiu Berhalter, garantindo que a equipa “não participou” na tomada de posição da federação e que “não faz ideia do que publica a conta do organismo” nas redes sociais. “Não estamos focados nestas questões exteriores e tudo o que posso fazer é, em nome dos jogadores e do staff, pedir desculpa”, declarou aos jornalistas.

Bandeira sem símbolo da República Islâmica: federação dos EUA apoia manifestantes do Irão

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No domingo, à ESPN, um porta-voz da federação norte-americana confirmou que a decisão de remover o símbolo pretendia ser uma demonstração de apoio aos manifestantes antigovernamentais. “Queríamos mostrar o nosso apoio às mulheres iranianas”, explicou o mesmo responsável, já depois da normalidade ter sido restaurada [a publicação foi apagada] e a bandeira iraniana aparecer completa.

Nas declarações desta segunda-feira, o técnico juntou a sua voz à de todos as que têm apoiado os protestos. “O nosso foco está no jogo, mas não quero parecer desinteressado. Claro que os nossos pensamentos estão com o povo do Irão, com todo o país“, acrescentou.

Atualmente, o Irão é palco de um amplo movimento de protesto desencadeado em 16 de setembro com a morte de uma curda iraniana de 22 anos, que morreu depois de ter sido detida pela polícia da moral, responsável por fazer cumprir o rígido código de vestuário imposto às mulheres na República Islâmica.

EUA e Irão vão defrontar-se em campo — mas a rivalidade vai muito para lá do futebol

A posição norte-americana levou a federação de futebol do Irão a apresentar uma queixa à FIFA. “Num ato não profissional, a página do Instagram da Associação Americana de Futebol removeu o símbolo de Alá da bandeira iraniana”, denunciou agência de notícias oficial Irna, que revelou o facto da federação iraniana ter enviado um email à FIFA “para exigir que envie um aviso sério” à sua congénere.