A Coreia do Sul prepara a terceira participação numa fase a eliminar de um Mundial. Pela frente, a equipa comandada por Paulo Bento vai ter o Brasil que o treinador considera ser “o candidato mais forte a ser campeão do mundo”. Apetrechada com os valores individuais do costume, a canarinha vai também voltar a contar com Neymar que regressa após lesão.

“Seríamos hipócritas se disséssemos que era o mesmo jogar contra o Brasil com ou sem Neymar”, assume o técnico português, não esquecendo que cabe à Coreia do Sul delinear “a melhor estratégia possível para vencer”. Paulo Bento reconhece que a seleção brasileira apresentou sinais de evolução nos últimos anos. “O Brasil, ao contrário do que acontecia há anos, junta a organização e agressividade à qualidade individual dos jogadores”.

Para chegarem aos oitavos de final, Coreia do Sul e Brasil tiveram trajetos diferentes. Os brasileiros venceram o grupo G com relativa tranquilidade, chegando à última jornada com o apuramento garantido, o que permitiu a Tite realizar nove alterações no onze inicial. A Coreia do Sul, por ter o futuro indefinido, não teve oportunidade de fazer a mesma gestão e pensar numa partida que se realiza cerca de 72 horas depois do último jogo da fase de grupos. “A forma como o Brasil se apresentou no último jogo foi completamente diferente da nossa. Não me lembro de, após a fase de grupos de uma grande competição, haver jogos passadas 72 horas. É algo que não é humano e que é injusto”, refere o selecionador. Se o tempo para descansar é pouco, também é difícil encontrar espaço no calendário para treinar pelo que Paulo Bento, que se encontra no seu segundo Mundial como treinador, reconhece que vai ter que recorrer ao vídeo “Não temos tempo para treinar. É impossível preparar um jogo destes no campo por causa do desgaste físico e emocional dos jogos anteriores”.

Ainda assim, os sul-coreanos acreditam na vitória num jogo que vale por si só. “Se fossemos disputar um campeonato com muitas jornadas com o Brasil, diria que o Brasil ia ficar à nossa frente. Num jogo, o Brasil continua a ter mais hipóteses do que nós, mas temos possibilidades de derrotar o Brasil e temos que esgotá-las. Não temos nada a perder, nada. Temos que deixar a imagem de uma equipa que quer vencer. A partir daí, tudo o que vier é ganho”, reforça Paulo Bento.

Na antevisão a um Brasil-Coreia do Sul, Portugal não ficou de fora. Paulo Bento viu o jogo contra o seu país de origem a partir da bancada, mas nem por isso viveu a partida de uma maneira menos intensa. “O jogo com Portugal era um jogo com uma carga emocional grande por tudo o que acarretava em termos desportivos. Desde o sorteio, que sabia que ia defrontar o meu país. Depois da bola começar a rolar, tentei viver o jogo da melhor forma possível. Fiquei com orgulho da forma como os meus jogadores competiram, o que nos levou a ter sucesso”. A Coreia do Sul tinha obrigatoriamente que vencer Portugal para seguir em frente, o que, com o 2-1 final, acabou por acontecer. O jogo entre sul-coreanos e portugueses terminou, mas o Gana-Uruguai do qual os asiáticos estavam dependentes, terminou oito minutos depois, o que não deixou Paulo Bento agradado. “A segunda parte do jogo do Uruguai começou oito minutos mais tarde em comparação com o nosso jogo. A FIFA tem que estar atenta, porque é algo que pode definir objetivos. As equipas definem estratégias quando isto acontece. A FIFA deve começar a ter atenção a estas coisas por uma questão de igualdade”.

Paulo Bento elogiou ainda os treinadores portugueses. “Não é por um treinador português ter sucesso que o outro vai ter. Os treinadores portugueses são competentes, mas, muitas vezes, quem os contrata não sabe o que quer”, afirma o técnico.

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