A vice-presidente do Parlamento Europeu Eva Kaili foi detida esta sexta-feira em Bruxelas, confirmou uma fonte próxima do caso à AFP.

Kaili está entre cinco detidos no âmbito de uma investigação por suspeitas de crimes de corrupção — com ligações ao Qatar, país que este ano organizou o Mundial de Futebol.

Durante o dia a polícia conduziu buscas em 17 residências como parte de uma operação em que estão em causa crimes de “organização criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro”. O inquérito crime visa sobretudo assistentes parlamentares e membros do Parlamento Europeu, refere a procuradoria belga num comunicado citado pela Euronews.

“Há vários meses que os investigadores da Polícia Federal suspeitam que um país do Golfo está a influenciar as decisões económicas e políticas do Parlamento Europeu ao pagar quantidades avultadas de dinheiro ou oferecer grandes presentes a terceiros com uma posição política e estratégica significativa dentro do Parlamento Europeu”, acrescentou, sem contudo nomear o país em questão. Durante as buscas a polícia recuperou 600.000 euros e apreendeu vários telemóveis e computadores.

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Uma fonte próxima do caso disse ao jornal Le Soir que além da eurodeputada foram detidos Luca Visentini, secretário-geral da Confederação Sindical Internacional; Pier-Antonio Panzeri, ex-eurodeputado da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (S&D). O companheiro de Eva Kaili, um colaborador do S&D que foi assistente parlamentar de Panzeri, também foi detido.

A eurodeputada socialista, que ocupa uma das 14 vice-presidências do Parlamento Europeu, foi afastada do Movimento Socialista Pan-Helénico (PASOK), partido a que pertence na Grécia.”“Na sequência dos últimos desenvolvimentos e da investigação das autoridades belgas sobre a corrupção de funcionários europeus, a eurodeputada do PASOK Eva Kaili foi expulsa do partido por decisão do presidente Nikos Androulaki”, avança o jornal grego Ekathimerini. Já o grupo dos socialistas e democratas (S&D) no Parlamento Europeu decidiu suspendê-la.

Recentemente Kaili descreveu o Qatar como um “pioneiro” nos direitos dos trabalhadores, após um encontro com o ministro do Trabalho do país, apesar das preocupações que têm sido levantadas sobre as condições dos migrantes envolvidos na construção dos estádios para o Mundial.