A Presidente do Peru, Dina Boluarte, garantiu esta terça-feira que a polícia vai desbloquear “nas próximas horas” as estradas que estão cortadas por manifestantes antigovernamentais que, desde dezembro, adotaram esta forma de protesto em várias regiões do país.

“Bloquear estradas ou não permitir a entrada de camiões que transportam gás ou combustível vai além do protesto pacífico. Nós, através da polícia (…), vamos abrir as estradas nas próximas horas”, disse Boluarte.

Segundo o último relatório da secretária de Estado dos Transportes Terrestres de Pessoas, Cargas e Mercadorias, divulgado na segunda-feira, há 96 pontos da rede viária em nove regiões do país com o trânsito interrompido por protestos.

Milhares de manifestantes estão reunidos na capital peruana, Lima, onde planeiam um protesto nacional a realizar esta semana para exigir a renúncia da Presidente e novas eleições.

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O objetivo é que o protesto esteja ao nível das manifestações de julho de 2000 contra o ex-autocrata Alberto Fujimori.

As manifestações no Peru começaram em dezembro passado após Dina Boluarte (que era vice-presidente) ter assumido a chefia do Estado na sequência da destituição do então Presidente Pedro Castillo, pelo Congresso, acusado de tentar executar um golpe de Estado ao anunciar a dissolução deste órgão.

Desde essa altura, milhares de pessoas têm-se manifestado a pedir a renúncia de Boluarte, novas eleições em 2023, a libertação de Castillo, entretanto condenado a 18 meses de “prisão preventiva”, e justiça para as vítimas dos protestos.

Pelo menos 49 pessoas já morreram e mais de 300 foram detidas.

Na sequência dos confrontos e do elevado número de vítimas, várias organizações de defesa dos direitos humanos, incluindo a Amnistia Internacional e o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, exortaram as autoridades a terminar com o “uso indevido da força contra a população civil” e assegurar o respeito pelos direitos humanos.

O Peru prolongou este fim de semana, por mais 30 dias, o estado de emergência em sete regiões do país, incluindo em Lima, para tentar conter os protestos antigovernamentais.

A medida autoriza o exército a intervir para manter a ordem pública e suspende vários direitos constitucionais como a liberdade de circulação e de reunião e a inviolabilidade do domicílio, segundo um decreto publicado no sábado à noite.