Chegou há quase uma década à Luz vindo dos italianos do Valdagno após passagem pelo Bassano. Foi tendo algumas abordagens e propostas para sair, no plano nacional (Oliveirense ou Sporting, por exemplo) e das melhores ligas de hóquei em patins do mundo como a espanhola, acabou sempre por ficar renovar com o Benfica. Hoje, com 36 anos, Carlos Nicolía pode não ser aquilo que era mas continua a manter-se como um dos melhores jogadores em Portugal e no mundo. Pelo meio, foi ganhando um currículo invejável.

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Depois de três Campeonatos, duas Taças e seis Supertaças em Itália, o argentino ganhou uma Champions, um Mundial de Clubes, uma Taça Intercontinental, uma Supertaça Europeia, dois Campeonatos, duas Taças e uma Supertaça pelos encarnados, juntando a isso dois Mundiais (o último conquistado em 2022, em San Juan), uma Taça das Nações e um Pan-Americano pela Argentina. Jogou e joga com os melhores do mundo, defrontou e defronta alguns dos melhores do mundo, já leva largas dezenas de dérbis e clássicos. Depois do último frente ao FC Porto, no Dragão Arena, “explodiu”. E explicou o porquê dessa reação, num longo texto escrito na página oficial do Instagram com o título “Assassino, mataste a tua mulher”.

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“Calei-me durante nove anos e hoje digo basta! Talvez muitos não saibam a minha história. Cheguei em 2014 ao Benfica com o meu filho de três anos e com a sua mãe falecida há pouco. Tive a sorte de encontrar uma grande família benfiquista que me acompanhou sempre, mas há nove anos que cada vez que vou ao Dragão Caixa os adeptos atrás do banco de suplentes (não a claque) gritam ‘assassino, mataste a tua mulher’ e muitas coisas que tenho vergonha de dizer”, começou por apontar no texto o número 5 dos encarnados.

“O meu filho já tem 11 anos e entende tudo. É uma pena que num evento desportivo se faça isto, usando a morte de uma pessoa, que lutou muito contra a doença, rindo-se da morte em si. Uma vergonha. Nove anos a ouvir estas coisas em cada jogo mas hoje digo basta. Travo uma luta sozinho, contra a discriminação que sinto da parte dos regulamentos das federações de hóquei e que não sei se algum dia a virei a ganhar mas esta outra luta termina hoje. Não por mim mas sim pelo meu filho… Não quero que ouça nunca que há pessoas que usam a morte de sua mãe por uma rivalidade ou por se acharem engraçados. Tudo tem um limite… Respeito”, acrescentou ainda Carlos Nicolía na publicação.

“O Sport Lisboa e Benfica expressa total solidariedade para com o seu jogador Nicolía, uma vez mais insultado, desrespeitado enquanto homem, atleta e pai. O Benfica lamenta que os autores destes sucessivos atropelos à dignidade humana e aos valores do desporto não sejam identificados e, definitivamente, impedidos de frequentar espaços desportivos. Não é este o desporto que pretendemos nem é desta forma que dignificamos a modalidade, os seus intervenientes e o espetáculo que queremos oferecer aos adeptos”, defendeu durante o tarde o Benfica num comunicado colocado no site oficial do clube.