A ideia de que Fernando Santos poderia terminar a carreira na sequência da saída da Seleção Nacional nunca esteve em cima da mesa. Depressa se percebeu que o treinador português tinha abordagens vindas da China, do Médio Oriente e também da Europa, onde a Polónia sempre se apresentou como a principal interessada. Esta terça-feira, pouco mais de um mês depois de deixar Portugal, Fernando Santos foi apresentado como novo selecionador polaco. 

Numa conferência de imprensa onde respondeu às perguntas da comunicação social em português e com a ajuda de um tradutor, começou por dizer que “a Polónia é um grande país”. “Com uma história enorme, uma cultura enorme, semelhante ao nível da sua seleção. É uma equipa com muitos jogadores de qualidade, é uma das equipas que estiveram no Mundial. Para mim é algo gratificante, poder continuar esta carreira de selecionador num país com tanta influência, com tanta qualidade. A partir de hoje sou polaco, sou um de vocês. Vamos fazer de tudo para dar alegrias ao povo polaco”, começou por dizer.

“Vão habituar-se a ver-me por aí. Não queria deixar de agradecer a forma como ontem fomos recebidos, tanto eu como a minha equipa técnica. Quase nos sentimos em casa e rapidamente começámos a trabalhar e a pensar no futuro. É preciso tempo. Deixo uma palavra de ambição, de muita confiança naquilo que vamos fazer”, acrescentou Fernando Santos. Mais à frente, estabeleceu alguns dos planos para o futuro.

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“Contamos com o apoio do povo e da comunicação social, que também é essencial. Estou absolutamente convencido de que vamos dar muitas alegrias e vamos trabalhar muito para isso, todos em conjunto. A sorte não cai do céu, a sorte procura-se. Todos nós vamos conseguir coisas muito boas para a seleção polaca”, atirou, revelando ainda que vai incorporar um elemento polaco na equipa técnica. “Na Grécia tinha um colaborador grego e acho importante ter um colaborador polaco. Nesta fase inicial é muito importante”, explicou.

O penúltimo selecionador estava na lista, o último selecionador foi o escolhido: Fernando Santos vai assumir comando da Polónia

O treinador de 68 anos decidiu então aceitar o projeto da Polónia e passar a comandar a seleção de Robert Lewandowski e companhia, ocupando a vaga deixada em aberto com a saída de Czeslaw Michniewicz. O técnico, que já tinha orientado os Sub-21 polacos e que foi o escolhido após sair do Légia Varsóvia para assegurar a equipa na sequência da rescisão de Paulo Sousa para assumir o Flamengo, deixou o cargo depois da eliminação nos oitavos de final do Mundial do Qatar.

Paulo Bento, também antigo selecionador nacional que foi substituído em 2014 pelo próprio Fernando Santos e que esteve quatro anos na Coreia do Sul até sair após o Campeonato do Mundo, estava também na lista da Polónia e chegou a ser abordado nesse sentido. Jürgen Klinsmann, Vladimir Petković e Steven Gerrard foram outros dos nomes apontados à seleção polaca nos últimos dias.

Quatro coisas que correram muito bem, três que correram mal: a análise aos oito anos de Fernando Santos na Seleção

A Polónia alcançou a qualificação para o Mundial do Qatar depois de vencer a Suécia no playoff mas não foi além dos oitavos de final, registando uma vitória (Arábia Saudita), um empate (México) e duas derrotas (Argentina e França, esta última já a eliminar). Mesmo melhorando o resultado de 2018, quando não passou da fase de grupos na Rússia, a seleção polaca ficou claramente aquém das expectativas. Em termos gerais, os melhores registos do futebol polaco são os terceiros lugares nos Mundiais de 1974 e 1982, na Alemanha e em Espanha, sendo que nunca foram além dos quartos de final em Europeus.

De recordar que Fernando Santos esteve ao comando de seleções nacionais nos últimos 12 anos. Em 2010, depois de ter orientado clubes como o AEK, o Panathinaikos e o PAOK, assumiu a Grécia, tendo conseguido chegar aos quartos de final do Euro 2012 (onde perdeu com a Alemanha, na segunda melhor participação na competição, superada apenas pela vitória no Euro 2004) e aos oitavos de final do Mundial 2014, onde caiu apenas nas grandes penalidades contra a Costa Rica (melhor participação dos gregos na prova). Em setembro de 2014, na sequência da saída de Paulo Bento, assumiu a Seleção Nacional — ao longo de oito anos, tornou-se o selecionador nacional com mais jogos e vitórias e conquistou o Euro 2016 e a Liga das Nações de 2019.