As forças israelitas mataram esta quinta-feira nove palestinianos durante uma operação-relâmpago no centro de refugiados de Jenin, na região da Cisjordânia. O número de palestinianos mortos em confrontos este ano aumenta assim para 29, naquele que é já o ataque mais letal desde que Israel intensificou a frequência das suas operações no início de 2022.

Entre os mortos confirmados estará uma mulher na casa dos 60 anos e pelo menos um membro da Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa, uma milícia armada da Palestina. Citado pela Al Jazeera, o ministro da Saúde palestiniano revelou ainda que 20 pessoas ficaram feridas na rusga ao campo de refugiados, quatro delas em estado grave.

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Fonte do lado israelita justificou a ofensiva com informações do serviço de inteligência que davam conta de um ataque terrorista iminente. A operação começou durante as primeiras horas da manhã, com as Forças de Defesa de Israel (FDI) a cercarem Jenin com operacionais disfarçados, dezenas de veículos blindados e snipers, desencadeando confrontos entre militares israelitas e milícias palestinianas. De acordo com a CNN Internacional, que cita fontes do exército israelita, dois dos suspeitos identificados estavam barricados numa casa, o que motivou o uso de mísseis antitanque portáteis.

Os confrontos ocorreram nas proximidades do hospital de Jenin. Segundo o responsável por aquela unidade, a FDI terá mesmo disparado gás lacrimogénio para dentro do hospital, atingindo a unidade pediátrica e causando danos respiratórios a várias crianças.

Israel negou a acusação, afirmando que “ninguém disparou gás lacrimogénio para o hospital propositadamente”. Um porta-voz do exército citado pela Al Jazeera admitiu, no entanto, que “a atividade não ocorreu longe do hospital, pelo que é possível que algum gás tenha entrado pelas janelas”.

À CNN Internacional, um porta-voz da FDI alegou que a urgência da ameaça motivou que a operação tivesse ocorrido à luz do dia e não durante a noite, como é procedimento usual dos militares israelitas, defendendo que “combater o terrorismo é uma missão complexa”.

Em comunicado, o primeiro-ministro palestiniano, Mohammad Shtayyeh, instou as Nações Unidas e outras organizações de direitos humanos a “intervir de forma urgente para proteger o povo palestiniano e impedir o derrame de sangue de crianças, jovens e mulheres”.

Várias fações da Palestina, incluindo o Hamas, decretaram um dia de luto oficial e estado de alerta. Um dos líderes da organização sunita, Saleh al-Arouri, já garantiu que “a resposta da resistência está para breve”.

Mawan Bishara, analista política da Al Jazeera, contestou as explicações isarelitas. “Na arena internacional, combater o ‘terrorismo’ é uma espécie de palavra mágica. Dá para justificar tudo e todos, mesmo quando está completamente incorreta”. Um outro analista ouvido pelo meio de comunicação social do mundo árabe disse mesmo que a operação desta quinta-feira “deve ser entendida como um sinal – é o primeiro disparo de uma futura operação israelita de larga escala”.

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