O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, respondeu às declarações de José Sá Fernandes, este que indicou que a decisão de aumentar a pala do altar-palco onde o Papa Francisco vai presidir às celebrações finais do evento custou mais dois milhões de euros.

Em declarações à SIC Notícias, Carlos Moedas diz desconhecer o “projeto” de que José Sá Fernandes se refere. “São factos que o presidente da Câmara desconhece”, garantiu o autarca, acrescentando que consultou “várias empresas” antes de tomar a decisão sobre o altar-palco. “O preço foi reduzido”, assegurou.

O autarca lisboeta lembrou ainda que é a verba é a “necessária” para receber o Papa Francisco em Lisboa. “É muito importante para a cidade”, sublinhou.

Na quarta-feira, na SIC Notícias, José Sá Fernandes destacou que “a solução que estava prevista ao princípio custava à volta de 1,5 milhões, vamos supor dois milhões, depois passou para três milhões, mas depois aumentou-se de uma maneira enorme a pala que fica agarrada à laje e teve que se fazer fundações para segurar a pala”, salientou, ao explicar que se verifica um acrescento de dois milhões de euros entre junho do ano passado e agora. Neste momento, os custos do altar-palco podem chegar aos 5,3 milhões de euros.

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O atual projeto aumentou o tamanho da pala, afirma Sá Fernandes

Como afirma não conhecer o projeto, José Sá Fernandes não tem também certezas se o palco tem “todos os equipamentos necessários para o evento”, como, por exemplo, “ecrãs”. Questionado sobre responsabilidades face ao aumento dos custos, o coordenador diz apenas o seguinte: “A Câmara ou a SRU [Sociedade de Reabilitação Urbana], de acordo provavelmente com a Igreja, não sei.”

O coordenador do grupo de projeto da JMJ revelou também que “provavelmente só um quarto” do altar-palco “pode ser reutilizado”. “Ninguém vai a um concerto com uma coisa lá em cima. Isto é um palco que tem uma função de visibilidade para os espetáculos, mas o vice-presidente [da autarquia, Filipe Anacoreta Correia] disse que tinha que ser retirado e redesenhado, o que terá um custo a acrescer a estes 5,3 milhões de euros — mais IVA”, acrescentou.

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Esta quinta-feira, em declarações à agência Lusa, o antigo vereador dos Espaços Verdes da Câmara Municipal de Lisboa acrescentou que havia outra versão idealizada pela “SRU [Sociedade de Reabilitação Urbana] que não exigia mais fundações. E, de repente, aparece esta, que exige fundações. E, portanto, fiquei surpreendido porque a solução é muito mais cara”.

“Quando dizem que não foi feito nada no passado, bom, foi feita a coisa mais importante que era lançar um concurso público para esta empreitada. Esta empreitada já previa a plataforma onde ia assentar o palco. Ou seja, a plataforma dos tais cinco mil metros quadrados para suportar o altar”, afirmou José Sá Fernandes, insistindo que existiam “estudos prévios para as coisas”, mas foi escolhida “outra solução”.

“Portanto, o problema está sempre na solução”, sublinhou. “Eu acho que pode ser reutilizado, mas para aí um quinto. Tem que se retirar e redimensionar a pala. Isso tem um custo. Mas, ficar só lá em cima também fica muito alto. Depende do que se quer. Eu não sei, pois nada foi dito sobre essa matéria”, apontou José Sá Fernandes.

Apesar destas críticas, o coordenador da JMJ ressalvou que cabe a cada uma das entidades envolvidas no processo (câmaras de Lisboa e de Loures, Governo e Igreja) “cumprir as tarefas que lhe estão destinadas”.

“O que eu quero é que isto corra tudo bem. E que a gente consiga articular as coisas. Eu sou coordenador da Jornada da parte do Estado e, portanto, as minhas tarefas são as que dizem respeito ao Estado. A Câmara Municipal [de Lisboa] faz as suas, a Câmara de Loures faz as suas tarefas e o coordenador do evento é a Igreja”, sintetizou.

Artigo atualizado às 18h23 com as declarações de Sá Fernandes à Lusa