O número de incidentes antissemitas no mundo diminuiu em 2022 pela primeira vez em uma década, mas há um acréscimo de casos nos Estados Unidos, revelou o relatório anual sobre antissemitismo lançado esta sexta-feira pela Organização Sionista Mundial (WSO, sigla em inglês).

O documento foi divulgado esta sexta-feira para assinalar o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.

“O relatório mostra que o aumento no número de incidentes antissemitas diminuiu [em 2022] após um aumento na última década, mas a situação permanece alarmante. Mais de 10 incidentes antissemitas são relatados em todo o mundo todos os dias, enquanto muitos outros não são relatados”, referiu o relatório, elaborado pelo Departamento de Combate ao Antissemitismo da WSO.

Os eventos antissemitas em 2022 foram realizados por meio de propaganda (39%), vandalismo (28%), violência física (14%), violência verbal (11%) e descrédito (7%).

De acordo com o relatório, os Estados Unidos registaram “um aumento alarmante de casos de antissemitismo, manifestando-se em tendências perturbadoras, dado o fortalecimento das organizações supremacistas brancas, juntamente com o aumento das declarações antissemitas da esquerda progressista norte-americana”, indica o relatório.

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Durante o ano de 2022, segundo o documento, houve mais de 350 incidentes antissemitas nas universidades norte-americanas e muitos dos estudantes judeus sentiram a necessidade de esconder a sua identidade ou o seu apoio a Israel. Além disso, foram realizadas aproximadamente 165 manifestações e ações em universidades e institutos.

Por outro lado, a guerra entre a Rússia e a Ucrânia “é acompanhada de declarações antissemitas dirigidas às comunidades judaicas de ambos os países, a par de conspirações nas redes sociais sobre a participação de Israel na guerra”, um fenómeno que se estende à vizinha Polónia, é referido no relatório.

“O antissemitismo nas redes sociais está aumentar num ritmo alarmante e, infelizmente, como a história nos ensinou, também levará a atos físicos. Apelamos aos chefes de Estado para colocarem a luta contra o antissemitismo em primeiro plano na lista de prioridades”, disse o presidente do WSO, Ya’akov Hagoel.

Em 27 de janeiro é comemorado o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto – que resultou na morte de cerca de seis milhões de judeus nas mãos do regime nazi alemão – e comemora a libertação em 1945 do campo de concentração e extermínio nazi de Auschwitz-Birkenau.

O estudo da WSO é baseado em relatórios locais e internacionais de agências de investigação, polícia local, comunidades judaicas, entre outros.

Por outro lado, o Centro de Estudos do Judaísmo Europeu Contemporâneo da Universidade de Telavive divulgou o seu relatório anual sobre iniciativas de Governos e cidadãos de todo o mundo para preservar a herança judaica, ensinar sobre o Holocausto e combater o antissemitismo.

De acordo com as suas conclusões, o reconhecimento do Holocausto e o ensino das lições resultantes deste foram ampliados recentemente, mesmo em países onde a educação sobre o Holocausto era rara, como em África e no mundo árabe.

Inúmeras iniciativas educacionais, sociais e legais foram lançadas na Europa Ocidental, nas Américas e na Austrália para combater a negação do Holocausto e o antissemitismo, lê-se.