O ministro das Infraestruturas considerou esta terça-feira que o negócio da TAP com a Airbus, liderado pelo ex-acionista privado David Neeleman, “demonstra que a privatização que foi feita em 2015 não foi bem uma privatização”.

João Galamba falava aos jornalistas à margem da cerimónia de inauguração do sistema de gestão de tráfego aéreo Topsky e da sala de operações de controlo de tráfego aéreo, no Centro de Controlo de Tráfego Aéreo de Lisboa, da NAV Portugal.

Demonstra que a privatização que foi feita em 2015 não foi bem uma privatização”, respondeu João Galamba quando questionado sobre a operação de compra de aviões da Airbus por parte da TAP na altura do ex-acionista David Neeleman e sobre a notícia divulgada pelo jornal ECO, na semana passada, que indica que a privatização da companhia aérea em 2015 terá sido ganha por Neeleman com dinheiro da própria companhia aérea.

O PS pondera chamar ao parlamento os responsáveis políticos pela privatização da TAP em 2015, feita num Governo PSD/CDS, após ter sido noticiado que David Neeleman terá concretizado essa operação com dinheiro da própria companhia aérea.

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Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, após uma reunião do Grupo Parlamentar do PS, na quinta-feira, Eurico Brilhante Dias considerou que se trata de um tema de “enorme gravidade” e recordou que a privatização em questão foi feita pelo XX Governo Constitucional, o segundo liderado pelo ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, e que esteve “em funções menos de um mês”.

Como esse processo foi feito por um Governo que teve menos de um mês, um Governo que tinha tomado posse no dia 30 de outubro de 2015 — se não me falha a memória — e que fechou a privatização naquelas condições no dia 12 de novembro de 2015, nós estamos a ponderar fortemente a possibilidade de chamar ao parlamento os responsáveis políticos que fizeram essa privatização em 2015″, afirmou.

Brilhante Dias referiu que o PS pretende perceber a “operação de compra de aviões” da Airbus por parte da TAP e a “responsabilidade política de um Governo que esteve em funções menos de um mês e que terá privatizado a TAP doze dias depois de ter tomado posse”.

Eurico Brilhante Dias salientou que o PS vai pedir “mais informação” sobre esse processo de privatização “não só à tutela da TAP, como à própria” companhia aérea e, depois, avaliar se chama “os responsáveis políticos que estavam em funções no momento da privatização” à comissão parlamentar de Economia.

Questionado quem é que o PS pondera vir a chamar — e se inclui Pedro Passos Coelho, o então vice-primeiro-ministro Paulo Portas —, Brilhante Dias respondeu: “Nós estamos a ponderar, mas prioritariamente quem tutelava a TAP na altura”.

No XX Governo Constitucional, o ministro da Economia, na altura Miguel Morais Leitão, tutelava a TAP e tinha como secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações Miguel Pinto Luz, atual vice-presidente do PSD.

Na quarta-feira, o jornal ECO avançou que, quatro depois de a Atlantic Gateway, um consórcio de David Neeleman e Humberto Pedrosa, ter adquirido 61% do capital da TAP em 12 de junho de 2015, a sociedade DGN, liderada por Neeleman, selou um memorando de entendimento com a Airbus.

De acordo com a notícia do ECO, o memorando em questão implicava que a TAP desistisse de um contrato com a Airbus para o ‘leasing’ de 12 aviões A350 e adquirisse antes 53 aeronaves. O ECO avança que o valor que a TAP estará a pagar pelos 53 aviões em questão está em cerca de 254 milhões de dólares (atualmente cerca de 238 milhões de euros) acima do valor de mercado.

O jornal avança ainda que, “de acordo com dados da Atlantic Gateway”, a Airbus “iria providenciar créditos de capital à DGN, no valor de 226,75 milhões de dólares, para serem canalizados para a TAP através da Atlantic Gateway”, correspondendo ao “exato valor da maior tranche de suprimentos que seriam mais tarde colocados na companhia aérea”.