O empresário norte-americano David Neeleman garantiu que os termos das negociações com a Airbus no âmbito do processo de privatização da TAP sempre foram do conhecimento dos governos de Pedro Passos Coelho e António Costa.

No artigo de opinião “Comprar com o pelo do cão quando a TAP não tinha pelo?”, publicado na edição deste fim de semana do semanário Expresso, Neeleman afirmou que “o projeto estratégico proposto pelo consórcio Gateway”, que o juntou ao português Humberto Pedrosa, “incluindo a parte da capitalização com os fundos Airbus”, no valor de 226 milhões de dólares, foi discutido por “todos os intervenientes”.

“Foi detalhadamente apresentado, explicado, discutido e aprovado por todos os intervenientes no processo de privatização, tanto na fase de negociações da venda, como mais tarde, aquando da reversão parcial da privatização levada a cabo pelo Governo Socialista, que aceitou vincular-se ao nosso plano estratégico, enquanto acionista”, declarou o empresário.

Mais à frente no mesmo artigo, Neeleman especificou que os “ditos fundos Airbus” foram usados exclusivamente para pagar salários e para “necessidades de tesouraria”, argumentando que foram esses 226 milhões de euros que , “em conjunto com as outras prestações acessórias e o empréstimo da Azul”, que “salvaram a TAP de uma insolvência imediata”, numa altura em que a transportadora “tinha uma avaliação muito negativa”.

“Os bancos portugueses já não aceitavam financiar mais a TAP e por motivos facilmente compreensíveis. (…) A empresa estava sem acesso a meios de liquidez”. Além de ter salvado a TAP da falência, o norte-americano disse que a tornou atrativa, ao ponto de ter recebido uma oferta de quase mil milhões de euros da Lufthansa em 2019.

Em 2015, no âmbito do processo de privatização da TAP, Neeleman entregou 226 milhões de euros à empresa, provenientes de um negócio de troca da frota da transportadora com a Airbus. A transação está a ser investigada pelo Ministério Público por suspeita de ter penalizado a TAP em cerca de 440 milhões de euros, explicou o Expresso.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR